O
alerta é do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), que
participou de inspeções do Poder Judiciário estadual na unidade. Segundo o
vice-presidente da entidade, Fernando Weber Matos, doenças infectocontagiosas
atingem vários apenados, e as 12 mil pessoas que visitam o local mensalmente
podem servir de vetor de transmissão de enfermidades para além dos muros. O
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no Mutirão Carcerário realizado no estado
em 2011, recomendou a retirada de todos os presos condenados do presídio e a
adequação do número de internos à capacidade da unidade, de 2 mil vagas.
“O Presídio Central é praticamente uma cidade com quase
cinco mil pessoas, fechada e com intensa insalubridade. Isso sem considerar os
12 mil visitantes que circulam por mês no local, além dos 600 servidores que
trabalham lá. Isso é um vetor de transmissão de doenças infectocontagiosas para
toda a sociedade”, afirmou o representante do Cremers. Ele acrescentou que,
entre os visitantes do presídio, ficam mais expostos ao contágio os idosos e as
crianças, que têm baixa imunidade.
Fernando Matos observa que o risco de contaminação aumenta
porque o presídio não dispõe de aparelho de radiologia para diagnosticar
doenças pulmonares infecciosas nos detentos que ingressam na unidade. O quadro
geral de saúde dos internos não é dos melhores. O médico relata ter verificado,
durante as inspeções, diversos casos de tuberculose, AIDS, hepatite (A, B e C),
dermatites e verminoses.
Denúncia à OEA – O Cremers é uma das entidades integrantes
do Fórum da Questão Penitenciária que, em janeiro deste ano, enviou à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA)
representação com denúncias sobre violações aos direitos e à integridade dos
detentos do Presídio Central de Porto Alegre.
Em março, a União respondeu o
pedido de informações da entidade internacional e relatou, com base em
manifestação do governo do Rio Grande do Sul, que foram tomadas providências
para a melhoria das condições do presídio. Na última sexta-feira (31/5), o
fórum enviou à OEA uma réplica contestando as informações prestadas pela União,
por considerar que a situação calamitosa da unidade prisional em nada mudou.
Segundo a réplica do Fórum da Questão Penitenciária, a
assistência à saúde, por exemplo, continua deficitária, já que o presídio conta
com apenas uma equipe médica completa, quando seriam necessárias oito. Além
disso, o aparelho de raios X, capaz de diagnosticar doenças como a tuberculose,
está com defeito, e não há previsão de reparo, conforme o documento.
Com relação à estrutura, a entidade informa à comissão da
OEA que dejetos das redes de esgoto continuam correndo a céu aberto, conforme
parecer técnico do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia
do Rio Grande do Sul (Ibape-RS), anexado à réplica. O parecer atesta que a
“estrutura do Central é irrecuperável para o fim a que se destina, de ser um
presídio”. Há críticas também à higiene e ao acondicionamento da alimentação
preparada para os detentos.
Fonte: Agência CNJ de Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário