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sábado, setembro 4

Caso Rafael Mascarenhas - Entrevista de Bussamra

Motorista que atropelou filho de Cissa Guimarães: 'Todo mundo mente e só eu estou pagando'

Rafael Bussamra
Rafael Bussamra, indiciado por homicídio doloso, diz que vê a cena do acidente quando fecha os olhos e já sonhou com o Rafael Mascarenhas

Indiciado por quatro crimes que podem levá-lo a receber pena de até 34 anos de prisão, o estudante Rafael Bussamra, 25 anos, que admitiu ter atropelado o filho da atriz Cissa Guimarães, vive um pesadelo. Em sua primeira entrevista desde a conclusão do inquérito, ele conta que sofre uma síndrome de perseguição. “Até agora ninguém me parou na rua para me falar nada, mas eu vejo as pessoas me olhando. Não sei se é uma coisa minha, psicológica, mas eu me sinto observado”, confessa.

A situação do jovem e de sua família – também envolvida em acusações de corrupção, devido ao pagamento de propina a dois policiais militares na noite do acidente – ficou mais complicada com a apresentação pela polícia do resultado das investigações, na última quinta-feira. Bussamra, que dirigia o Siena preto, e seu amigo Gabriel Henrique Ribeiro, 19 anos, que conduzia um Honda Civic, foram indiciados por homicídio doloso – quando há intenção de matar. Os dois, no entendimento da delegada Bárbara Lomba, da 15ª DP (Gávea), batiam um pega e assumiram o risco de causar a morte.

Ele nega a acusação. “O termo é uma coisa da Justiça. Aconteceu uma morte sem a minha intenção. Aconteceu um acidente que veio a ter uma morte. Nem eu nem meus amigos, os amigos dele, minha família ou a família dele queriam que isso acontecesse. Ninguém tinha intenção de nada. O nome que a Justiça dá a isso não cabe a mim”, diz Bussamra, que assume ter “uma dívida com a sociedade”, mas considera exagerada a punição proposta pela delegada ao Ministério Público. A Polícia Civil propõe que, além do homicídio, ele responda ainda por corrupção ativa, fraude processual (por ter tentado adulterar o veículo) e por ter fugido do local do atropelamento.

A noite do atropelamento – Em entrevista a VEJA.com, Bussamra sustenta que desconhecia a interdição do túnel e diz que não havia sinalização sobre o fechamento da pista. Pela primeira vez, apresenta uma versão diferente sobre a noite do atropelamento. Ele afirma que não saiu de casa só para fazer um lanche, versão contada à polícia em todos os seus depoimentos. Rafael e os três amigos teriam saído da Barra da Tijuca para a zona sul para um encontro com quatro meninas, que não chegou a se concretizar. “É uma coisa particular, não falei porque não achei que tinha a ver com o caso. Além do mais, elas eram turistas, nunca mais as vi ou tive contato”, argumenta.

Rafael relata que ele e André Liberal, que estava de carona no seu carro, ficaram conversando um bom tempo com os ocupantes do Honda Civic pelas ruas do Leblon e só após notarem que o encontro foi mal sucedido seguiram para a Barra da Tijuca para lancharem. A volta à zona sul foi decidida, segundo conta, porque o comércio na Barra estaria fechado àquela hora.

O jovem também nega a versão dos amigos do filho de Cissa, de que ele e seus amigos passaram gritando para os skatistas. “O Gabriel abriu a janela e gritou para mim uma vez, para me avisar que queria voltar ao Leblon. Falei para ele que não dava para ouvi-lo e pedi que ele ligasse para o meu rádio. Foi o que ele fez em seguida”, relata. “Vejo que nessa história só eu estou falando a verdade. Os amigos do Rafael mentem, os policiais mentem, todo mundo está mentindo e só eu estou pagando”, acusa.

Bussamra hoje se sente inseguro para dirigir e conta que não consegue esquecer a cena do acidente. “A lembrança que tenho do acontecimento foi que eu bati na perna dele, na altura do joelho. Ele escorregou e capotou por cima do meu carro, bateu no meu vidro e foi para o teto. O impacto forte foi no chão. Eu fiquei tentando controlar o carro e carreguei ele por uns segundos. Ele não foi arremessado para a frente, foi transportado”, diz o jovem, que discorda da perícia que indicou que seu carro estaria a 100 km/h.

“Ainda lembro dele com uma fratura exposta no joelho e o rosto ensangüentado, não falava nada e respirava ofegante. Não achei que ele fosse morrer, mas a imagem é marcante. Eu fecho os meus olhos e vejo, já sonhei com ele”, conta Bussamra, que, nesse momento, demonstra nervosismo. Pai do jovem, o empresário Roberto Bussamra, durante a entrevista, tenta manter o filho calmo.

Corrupção – Bussamra, o pai, acabou envolvido no caso a partir da revelação de que dois policiais militares abordaram – e liberaram – o Siena minutos após o acidente. O empresário admitiu ter dado 1 000 reais aos PMs, mas nega que tenha tido a intenção de adulterar provas ou ocultar o caso. “O sargento diz que não ligou para mim, mas se quebrarem o sigilo telefônico dele verão que ele me ligou quatro vezes cobrando”, acusa o empresário, que acusa os policiais de extorsão. Á polícia, ele relatou que o sargento Marcelo Leal e o cabo Marcelo Bigon exigiram 10 mil reais.

O pai de Rafael foi enfático ao dizer que nos primeiros dias se sentiu ameaçado e que só aceitou fazer o pagamento aos policiais para proteger a sua família. “Eu não paguei para liberar o carro, ninguém pagou para liberar o carro ou deixar de ir à delegacia. Nós queríamos ir à delegacia, mas ele (o sargento) não deixou. Paguei para afastar a ameaça dos meus filhos. Não teve corrupção, fomos vítimas de extorsão. Eu tive medo, mas não sei se faria de novo. Eu não dei o resto do dinheiro nem daria porque soube da morte do rapaz. Ali não admiti mais conversar com ele”, afirma.

Para Roberto, o peso da morte de Mascarenhas será carregado por sua família durante muito tempo. O empresário acredita que a opinião pública está contra seu filho e que isso será fator determinante para o filho responder por dolo eventual e não por homicídio culposo – sem intenção de marar. “Eu acredito que todos os indiciamentos apontados pela delegada vão a julgamento pela repercussão do caso, pelo fato de ter uma pessoa da mídia envolvida”, diz, referindo-se à atriz Cissa Guimarães.
(Fonte: Veja.com)

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