A suspeita de que o traficante Paulo Márcio Duarte da Silva, o Maradona, teria contato dentro de uma delegacia de Novo Hamburgo abriu um novo embate entre a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual (MP). O promotor Eugenio Amorim criticou o delegado regional do Vale do Sinos, Bolívar Llantada, em uma rádio local na terça-feira e, ontem, sugeriu encaminhar uma lista de policiais corruptos à corporação.
A suposta ligação foi citada em gravações telefônicas feitas por um comparsa de Maradona. Para o promotor, Llantada deveria investigar se existe envolvimento de algum policial da região com o traficante, que comandava crimes de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde estava preso até a semana passada – atualmente, se encontra na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR). Amorim considera o delegado “corporativista” demais para investigar seus colegas.
– Ele é absolutamente incompetente, mas não posso dizer que é desonesto. Não vi, até agora, uma investigação boa dele – diz Amorim.
Para provar que há irregularidades na Polícia Civil de Novo Hamburgo, o promotor revela que pode apresentar uma lista com a identificação de policiais corruptos. Ele não estipulou quantos nomes poderia ter no rol, porém garantiu que em poucos dias poderia fazer o levantamento.
– Eu trabalhei em Novo Hamburgo 10, 11 anos, estou direto em Novo Hamburgo. Se eu botar um disque-denúncia aqui com o meu número de celular, vai pipocar ligação toda hora – afirma.
Os ataques feitos pelo promotor foram repudiados pelo delegado. Llantada entende que a colocação “não é saudável”.
– Eu poderia e até faria (a investigação), mas, como a Corregedoria (da Polícia) já tinha entrado em campo, fiquei tranquilo. A minha bandeira número um é a honestidade. Tudo que existe foi, é ou será investigado – defende o delegado.
A Associação dos Delegados de Polícia do Estado divulgou ontem uma nota de apoio a Llantada ante o que definiu como “desastrada e ofensiva entrevista” concedida à rádio. Na ocasião, Amorim declarou que “a região (Vale do Sinos) foi infortunada com a escolha desse cidadão (Llantada)”.
O histórico de choques entre MP e Polícia Civil tem como um de seus principais capítulos o Caso Eliseu. Na apuração sobre a morte do secretário da Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, as duas instituições divergem quanto aos motivos do crime. Enquanto a polícia concluiu ter se tratado de um latrocínio, o MP sustenta que o assassinato foi encomendado.
Fonte: Jornal Zero Hora
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