Imagem ilustrativa |
Profissional do sexo – Garota de programa, Garoto de programa, Meretriz, Messalina, Michê, Mulher da vida, Prostituta, Puta, Quenga, Rapariga, Trabalhador do sexo, Transexual (profissionais do sexo), Travesti (profissionais do sexo)
Descrição sumária
Batalham programas sexuais em locais privados, vias públicas e garimpos; atendem e acompanham clientes homens e mulheres, de orientações sexuais diversas; administram orçamentos individuais e familiares; promovem a organização da categoria. Realizam ações educativas no campo da sexualidade; propagandeiam os serviços prestados. As atividades são exercidas seguindo normas e procedimentos que minimizam as vulnerabilidades da profissão.
Condições gerais de exercício
Trabalham por conta própria, na rua, em bares, boates, hotéis, porto, rodovias e em garimpos. Atuam em ambientes a céu aberto, fechados e em veículos, em horários irregulares. No exercício de algumas das atividades podem estar expostos à inalação de gases de veículos, a intempéries, a poluição sonora e a discriminação social. Há ainda riscos de contágios de DST, e maus-tratos, violência de rua e morte.
Formação e experiência
Para o exercício profissional requer-se que os trabalhadores participem de oficinas sobre sexo seguro, oferecidas pelas associações da categoria. Outros cursos complementares de formação profissional, como por exemplo, cursos de beleza, de cuidados pessoais, de planejamento do orçamento, bem como cursos profissionalizantes para rendimentos alternativos também são oferecidos pelas associações, em diversos Estados. O acesso à profissão é livre aos maiores de dezoito anos; a escolaridade média está na faixa de quarta a sétima séries do ensino fundamental. O pleno desempenho das atividades ocorre após dois anos de experiência.
Áreas e suas Respectivas Atividades
BATALHAR PROGRAMA | |||||||||||||||
Agendar a batalha | Produzir-se visualmente | Aguardar no ponto (esperar por quem não ficou de vir) | Seduzir com o olhar | Abordar o cliente | Encantar com a voz | ||||||||||
Seduzir com apelidos carinhosos | Conquistar com o tato | Envolver com o perfume | Oferecer especialidades ao cliente | Reconhecer o potencial do cliente | Dançar para o cliente | ||||||||||
Dançar com o cliente | Satisfazer o ego do cliente | Elogiar o cliente | |||||||||||||
MINIMIZAR AS VULNERABILIDADES | |||||||||||||||
Negociar com o cliente o uso do preservativo | Usar preservativos | Passar gel lubrificante à base de água | Participar de oficinas de sexo seguro | Reconhecer doenças sexualmente transmissíveis (DST) | Fazer acompanha- mento da saúde integral | ||||||||||
Realizar campanhas sobre os riscos de uso de hormônios | Realizar campanha sobre os riscos de uso de silicone líquido | Denunciar violência física | Denunciar discriminação | ||||||||||||
ATENDER CLIENTES | |||||||||||||||
Preparar o kit de trabalho (preservativo, acessórios, maquilagem) | Especificar tempo de trabalho | Negociar serviços eróticos | Negociar preço | Realizar fantasias eróticas | Cuidar da higiene pessoal do cliente | ||||||||||
Fazer streap-tease | Fazer carícias | Relaxar o cliente com massagens | Representar papéis | Inventar estórias | Manter relações sexuais | ||||||||||
Dar conselhos a clientes com carências afetivas | Prestar primeiros socorros | Fazer compras para o garimpo (rancho) | Lavar roupas dos garimpeiros | Cuidar dos enfermos no garimpo | Posar para fotos | ||||||||||
ACOMPANHAR CLIENTES | |||||||||||||||
Fazer companhia ao turista | Fazer companhia a cliente solitário | Acompanhar cliente em viagens | Acompanhar cliente em festas e passeios | Jantar com o cliente | Pernoitar com o cliente | ||||||||||
ADMINISTRAR ORÇAMENTOS | |||||||||||||||
Anotar receita diária | Listar contas-a-pagar | Pagar contas | Contribuir com o INSS | Contribuir com a receita familiar | Separar parte da receita diária para poupança | ||||||||||
Aplicar dinheiro em banco | Abrir conta poupança habitacional | Investir em empreendi- mentos de complemen- tação de renda | Investir em pepitas de ouro | ||||||||||||
PROMOVER A ORGANIZAÇÃO DA CATEGORIA | |||||||||||||||
Promover valorização profissional da categoria | Ministrar cursos de auto-organi- zação | Apoiar a organização das associações | Fazer campanha de filiação | Realizar articulações políticas | Combater a prostituição infanto-juvenil | ||||||||||
Participar de movimentos organizados | Treinar multiplica- dores de informação | Distribuir preservativos | Contribuir para a documentação histórica da prostituição | Fomentar a educação geral | Fomentar cursos profissiona- lizantes | ||||||||||
Reivindicar fundos para profissiona- lização | Participar da organização de cursos de primeiros socorros | Reivindicar cursos básicos de línguas estrangeiras | Participar da organização de cursos de beleza e massagem | ||||||||||||
REALIZAR AÇÕES EDUCATIVAS NO CAMPO DA SEXUALIDADE | |||||||||||||||
Elaborar roteiro de teatro educativo | Produzir espetáculos educativos | Encenar espetáculos educativos | Conceder entrevistas | Aconselhar meninas de rua | Ministrar palestras na rede de ensino | ||||||||||
Ministrar palestras nos cursos de formação e reciclagem de policiais | |||||||||||||||
DEMONSTRAR COMPETÊNCIAS PESSOAIS | |||||||||||||||
Demonstrar capacidade de persuasão | Demonstrar capacidade de expressão gestual | Demonstrar capacidade de realizar fantasias eróticas | Agir com honestidade | Demonstrar paciência | Planejar o futuro | ||||||||||
Prestar solidariedade aos companheiros | Ouvir atentamente (saber ouvir) | Demonstrar capacidade lúdica | Respeitar o silêncio do cliente | Demonstrar capacidade de comunicação em língua estrangeira | Demonstrar ética profissional | ||||||||||
Manter sigilo profissional | Respeitar código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho | Proporcionar prazer | Cuidar da higiene pessoal | Conquistar o cliente | Demonstrar sensualidade | ||||||||||
Assim, é oportuna a manifestação da Dra. Maria Berenice Dias a ensejar o debate que o jornal pretende. É chegada a hora de repensarmos a hipocrisia que ainda ronda temas relacionados à prostituição, especialmente os tratamentos dispensados a quem comete as infrações penais previstas no Código Penal Brasileiro em seus artigos 228, 229 e 230 – desde que não envolvam crianças e adolescentes e tampouco sejam realizados com ameaça ou violência à pessoa - porque é no mínimo estranho que se busque, ao mesmo tempo, alcançar melhores condições para a realização do meretrício e se criminalize, por exemplo, a conduta daquele que adota uma posição de proteção, assistência ou administração da atividade da prostituição (que corresponderia, segundo a lei penal, aos delitos de favorecimento da prostituição ou de casa de prostituição).
Leia as postagens abaixo:
Leia as postagens abaixo:
Leia o artigo da Dra. Maria Berenice Dias que publicamos abaixo:
Marcha das “p...”, por Maria Berenice Dias*
Bem assim: a letra “p” e reticências.
Esta era a forma utilizada por todos os meios de comunicação para identificar as mulheres que, simplesmente, assumiam o livre exercício de sua sexualidade. Seja profissionalmente, mediante remuneração; seja pelo só fato de se vestirem de uma forma considerada inadequada, deixando exposta alguma parte do corpo que poderia revelar que se tratava de um corpo feminino.
Inclusive, houve época em que eram assim rotuladas as mulheres que saíam do casamento por vontade própria. Nem importava a causa. Separadas e desquitadas eram consideradas “p...”. Mulheres disponíveis que qualquer homem tinha o direito de “usar”.
Claro que muitas coisas mudaram. E não há como deixar de prestar tributo ao movimento feminista, que, em um primeiro momento, gerou tamanha reação, que convenceu até as mulheres que não poderiam ser ativistas, o que as identificaria como mulheres indesejadas. Talvez pelo absurdo de reivindicarem as mesmas prerrogativas dos homens.
É significativo constatar que ao feminismo não se atribuíam adjetivações ligadas à prática sexual. Ou seja, as feministas eram mulheres feias, mal-amadas, lésbicas, mas não eram chamadas de “p...”. Eram mulheres que homem nenhum quis. Por isso saíam às ruas em busca de igualdade. De qualquer modo, um movimento tão significativo, que mudou a feição do mundo, a ponto de se dizer que o século 20 foi o século das mulheres.
Apesar dos avanços em termos de igualdade de oportunidades no mundo público, na esfera privada ainda é longo o caminho a percorrer. Basta atentar à violência doméstica, cujos assustadores números só recentemente vêm sendo revelados, graças à Lei Maria da Penha.
Mas há outra violência que somente agora está levantando o véu da impunidade: a violência sexual. Como a virilidade é reconhecida como o maior atributo do homem, o livre exercício da sexualidade sempre foi um direito ao qual as mulheres precisam se submeter. Inclusive ainda se fala em débito conjugal e tem gente que acredita que o casamento se “consuma” na noite de núpcias e busca anulá-lo sob o absurdo fundamento de que o casamento não ocorreu.
O controle da natalidade é outro exemplo da absoluta irresponsabilidade masculina. Até hoje se atribui à mulher o encargo de prevenir a gravidez. É sua a culpa pela gestação indesejada. É ela que precisa fazer uso dos meios contraceptivos, em face da enorme resistência dos homens ao uso de preservativos.
Ou seja, as mulheres sempre tiveram que se submeter ao “instinto sexual” masculino. Algo que parece dominar a vontade do homem, que se torna um ser irracional, que não pode ser responsabilizado pelos seus atos. As mulheres são culpadas por excitarem os homens, que viram bestas humanas e não merecem responder por seus atos. Por isso, nos delitos sexuais, o comportamento da vítima é invocado como excludente da criminalidade.
Até que enfim, as mulheres estão se dando conta de que submissão e castidade não lhes servem mais de qualificativos. Não são atributos que lhes agregam valor. Têm o direito de agir, se vestir e se expor do jeito que desejarem. Não podem ser chamadas de putas, vadias, vagabundas, adjetivos que só servem para inocentar os homens que as estupram.
Vislumbra-se um novo momento, em que as mulheres passam a ter orgulho de sua condição de seres sexuados. A Marcha das Vagabundas, que está acontecendo no mundo todo, é uma bela prova. Reação à afirmativa de um policial, em uma universidade de Toronto, Canadá: as mulheres devem evitar se vestirem como “slut” para não se tornarem vítimas. A expressão pode ser traduzida por vadia, vagabunda ou puta.
Depois que nos tornarmos sujeitas de nossos direitos, é chegada a hora de assumirmos a condição de senhoras de nossos desejos.
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