Em 02 de outubro de 1992, 20 anos atrás, o Brasil conheceu a maior chacina da história do seu sistema prisional.
Uma briga entre presidiários do Pavilhão 9 da Casa de Detenção Carandiru, na zona norte de São Paulo – iniciada por uma disputa de espaço num varal de roupas - terminou com 111 mortos, num mar de sangue, depois da intervenção da polícia.
O verdadeiro extermínio de presos não teve nenhuma relação com reivindicações feitas pelos detentos, ou com fugas. Relatos apontam que por ocasião da entrada da Tropa de Choque da Polícia Militar no Pavilhão 9, a confusão já havia terminado, e os presos estavam rendidos.
A invasão durou mais de sete horas, sendo que 103 presos morreram vitimados por disparos de arma de fogo e 08 por ferimentos produzidos por objeto cortante. Além disso 153 pessoas ficaram feridas – 130 presos e 23 policiais.
Alguns presidiários foram atacados dentro de suas próprias celas, local para onde acorreram, em refúgio, durante a invasão comandada pelo Coronel Ubiratan Guimarães.
O massacre de Carandiru, como ficou conhecida a ação policial perpetrada no Presídio de mesmo nome, colocou em cheque a atuação da Polícia, que se mostrou despreparada para o ofício.
Em setembro de 2002 o Governo do Estado de São Paulo desativou o presídio, explodindo alguns pavilhões. Apenas dois foram mantidos, para preservar a memória do presídio.
Passados 20 anos, o caso ainda está presente na memória dos brasileiros, sendo alvo de muitas controvérsias.
Embora o Coronel da Polícia Militar Paulista tenha sido absolvido em 2006 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, que aceitou o argumento defensivo de que o militar jamais dera ordem para matar, e agira em estrito cumprimento do dever legal, grupos de direitos humanos acreditam que a intervenção policial destinou-se a exterminar presos, sem que ninguém fosse por isso responsabilizado.
A maior carnificina da história prisional brasileira rendeu ainda livro e filme, mas nada foi capaz de redesenhar o sistema prisional, livrando-o das mazelas que lhe são tão próprias e, que, mesmo invisíveis aos olhos de muitos, atingem a toda a sociedade.
Um comentário:
Massacre ou faxina?
Depende do ponto de vista.
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