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quinta-feira, outubro 27

Quadrilha de agiotagem que atuava em todo o estado é desarticulada


Após oito meses de investigações, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro desencadeou, na madrugada desta quinta-feira, a “Operação Shylock”, com o objetivo de reprimir a agiotagem em vários pontos do estado e cumprir 18 mandados de prisão e 32 de busca e apreensão. A ação foi nos municípios do Rio de Janeiro (Tijuca, Barra e Campo Grande), Niterói, São Gonçalo e Baixada Fluminense (Nova Iguaçu, Belford Roxo, Queimados, Duque de Caxias e São João de Meriti). Durante as buscas, os agentes descobriram que a quadrilha também tinha escritórios em toda a Região dos Lagos, Volta Redonda, Itaperuna e Juiz de Fora, em Minas Gerais, totalizando cerca de 50 unidades espalhadas dentro e fora do estado do Rio de Janeiro.

O esquema do grupo, que agia há pelo menos cinco anos, foi descoberto através de investigações da 19ª DP (Tijuca), que coordenou a ação. A partir de denúncias e registros de ocorrências realizados na distrital, os agentes iniciaram uma investigação e descobriram que o grupo agia em grande parte do estado, cobrando juros de 48% ao mês em cima do valor do empréstimo. O lucro mensal de todos os escritórios de agiotagem somados é estimado em R$ 700 mil a R$ 1 milhão, podendo ter um lucro anual de R$ 12 milhões ao ano.

O delegado titular da 19ª DP, Nilton Fabiano Lessa, explicou que a primeira abordagem era na rua, por panfletagem oferecendo dinheiro rápido. Ao chegar ao escritório, a pessoa fornece dados pessoais e bancários, que passam por uma análise, e, geralmente, é autorizado o empréstimo. Ao não pagar, a pessoa entrava em uma “lista de devedores” e, em um primeiro momento, as cobranças eram feitas de forma branda. Ao longo do tempo, as ameaçavas começavam, não só às vítimas, mas a família e pessoas próximas. Os bandidos chegavam a entrar na casa dos “devedores” e pegavam objetos de valor. 

Como exemplo, o delegado citou uma vítima que adquiriu um empréstimo de R$ 290 e pagou R$ 96 por mês durante dois anos, desembolsando no total de R$ 2.304. Mesmo assim, ao parar de pagar, continuou sendo ameaçada de morte pelos criminosos, mostrando que eles sempre tinham uma forma de não encerrar a dívida. 

Durante a ação, doze mandados de prisão foram cumpridos e três pessoas foram presas em flagrantes. Documentos, quatro carros e R$ 13.500 foram apreendidos, além de jóias e cofres. Os presos responderão por formação de quadrilha, crime contra a economia popular, extorsão, lavagem de dinheiro e falsa identidade

A chefe de Polícia, Martha Rocha, definiu a operação como um pontapé inicial, seguindo as metas da sua gestão de reprimir a agiotagem. “Ao longo desses meses começamos a observar do que se tratava a questão da agiotagem e iniciamos um novo estudo para saber como tipificar esse crime. Essa operação é um pontapé inicial de combate a uma grande rede”, afirmou.

O delegado titular da 19ª DP ressaltou que o grupo foi totalmente desarticulada nesta operação. “Agora, nós temos essa quadrilha com a espinha dorsal quebrada, isso quer dizer que não vai mais se movimentar, está fora de circulação”.

Participaram da ação 118 policiais civis, de 31 delegacias, além de seis agentes da Corregedoria Geral Unificada (CGU).

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