Última parte da reportagem produzida pelos jornalistas Adriana Irion e José Luís Costa, sobre a trajetória de vida dos meninos internados na antiga Febem. Leia matéria completa em Zero Hora.
Natanael e Rafael, dois exemplos de esperança
Natanael é vendedor e evangelizador. Rafael, marceneiro.
Seus nomes emergem de uma lista de 162 adolescentes que estavam internados na Fundação Estadual do Bem-estar do Menor (Febem) em 1º de janeiro de 2002.
As histórias dos dois poderiam ser contadas em uma palavra: esperança. Dos 114 ex-internos vivos, os dois, uma década depois daquela internação, são exemplos do esforço para driblar e mudar destinos marcados pelo crime na adolescência.
São oriundos de um grupo em que a maioria teve a trajetória reduzida a mortes violentas ou à perda da liberdade, condenada por crimes.
De volta à comunidade onde construíra laços com o crime na adolescência, a vila Bom Jesus, em Porto Alegre, Rafael Patricio Machado, 27 anos, resistiu.
Os amigos do passado o procuravam.
– Aqui fora tinha muitos amigos. Lá (na Febem), ninguém te procura ou manda algo. Só minha mãe me apoiou – recorda o marceneiro.
A constatação ajudou Rafael , que aos 16 anos passou Natal e Ano-Novo longe da família, recolhido à fundação por assalto, a optar por uma reviravolta. Hoje, casado e pai de Rafaela, reflete sobre o que o levou a roubar.:
– Faltava dinheiro para sair, comprar roupa. Tu vais conhecendo pessoas, o dinheiro vem fácil. Agora, vivo do serviço para casa e para cuidar da família.
A região em que ele mora ganhou destaque nacional em 2009, quando o então presidente Lula a visitou para anunciar a instalação do primeiro Território da Paz do Estado. Na Bom Jesus, uma das vilas mais violentas da Capital, o projeto anunciado não se concretizou, mas é aposta do governo federal para a recuperação de jovens e a prevenção de violência no Brasil.
– A existência de Territórios da Paz e de Unidades de Polícia Pacificadora será muito importante para a recuperação desses adolescentes. Existe mais esperança para eles em territórios pacificados – avalia a gaúcha Maria do Rosário, ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Fonte: Jornal Zero Hora
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