A fuga da casa prisional neste domingo de um preso que escapou pela porta da frente do Presídio, provocou a manifestação do Juiz Alexandre Pacheco que, em entrevista à Zero Hora, disse que a alta segurança da Pasc consta apenas no nome.
O juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre disse que a Superintendência dos Serviços Penitenciários de Charqueadas (Susepe) já havia sido alertada para que tomasse providências em relação à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Entre os itens elencados por Pacheco como falhas na unidade prisional estão o ingresso de celulares, problemas no sistema de monitoramento por câmeras e procedimentos adotados, por exemplo, para a visita íntima.
— A alta segurança da Pasc consta apenas no nome. E o principal problema é o ingresso de celulares. Nos últimos dois anos, mais de 200 celulares foram apreendidos, sendo a maior parte já com os presos. Ou seja, não foram recolhidos no momento da entrada — disse.
Segundo o juiz, a Pasc consta com um moderno aparelho detector de metais, o que deveria impedir a entrada de celulares.
— Então não tem justificativa. A Pasc dispõe de um aparelho detector de metais de alta tecnologia, diferente de outras cadeias que não possuem um aparelho tão moderno — disse Pacheco.
Segundo o juiz da VEC da Capital, um ofício cobrando medidas da Susepe com relação à Pasc foi enviado no dia 21 de fevereiro. O documento pedia providências e também um planejamento para que as soluções fossem colocadas em prática.
— A resposta veio 5 meses depois, em julho de 2011, dizendo que as medidas seriam tomadas, mas não quando seriam tomadas e nem quais medidas — disse o juiz.
Na entrevista, o juiz Alexandre Pacheco também disse que não há um controle adequado com relação à visita íntima, já que as companheiras estariam visitando os detentos nas celas e não nos espaços destinados para esse fim.
— Isso é um problema grave, já que companheiras podem levar algo para os presos. Existem locais próprios e destinados para isso.
Sobre as câmeras de segurança, o juiz disse que não "funcionam a contento".
— O que não impediu a fuga de um detento no ano passado, que pulou o muro da Pasc — explicou o juiz.
Segundo o juiz Alexandre Pacheco, a Pasc não enfrenta superlotação. O espaço poderia abrigar até 288 detentos, mas está com cerca de 230.
— Ela é destinada para presos de alta periculosidade, que têm mais de 70 anos por cumprir. E isso é justamente para que a Susepe tenha mais controle — concluiu.
Para o juiz, a Pasc deveria ser prioridade na destinação de investimentos. Ele criticou, por exemplo, a aplicação de recursos na construção emergencial de albergues na Região Metropolitana.
Fonte: Zero Hora
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