Um dos seis mortos teria sido
levado vivo para parque, torturado e morto.
Policiais militares de uma equipe das Rondas Ostensivas
Tobias Aguiar (Rota) foram presos em flagrante pela Corregedoria da Polícia
Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da
Polícia Civil, após uma testemunha relatar indícios de execução na ação que
terminou com seis mortos na Zona Leste de São Paulo na segunda-feira (28).
A informação foi confirmada nesta terça-feira (29) pelo
delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, e pela assessoria de
imprensa da Secretaria da Segurança Pública no estado de SP (SSP). O número de
policiais detidos não foi informado até as 13h50.
Os seis suspeitos de pertencerem a uma facção criminosa que
atua a partir dos presídios paulistas morreram após uma troca de tiros com a
Rota no estacionamento ao lado de um bar, na Rua Osvaldo Sobreira, na Penha, na
noite de segunda. Quatorze criminosos estariam reunidos para discutir como
seria o resgate de um preso ligado à quadrilha de dentro de uma unidade
prisional na capital paulista.
Os PMs alegaram inicialmente aos seus superiores que todos
os seis suspeitos haviam sido mortos em uma troca de tiros. O homem que teria
sido executado pelos policiais teria sido detido ainda com vida no
estacionamento onde estava com mais um homem e duas mulheres que sobreviveram
ao suposto tiroteio. Outros cinco suspeitos conseguiram fugir num carro.
A testemunha telefonou no mesmo dia para o número 190 do Centro
de Operações da Polícia Militar (Copom) para dizer que viu policiais da Rota
pegarem um dos suspeitos vivo e o levarem para a região do Parque Ecológico do
Tietê, também na Zona Leste, onde o teriam torturado e matado a tiros. Depois,
segundo a testemunha, levaram o corpo de volta para o local onde teria ocorrido
a troca de tiros, na Penha.
Testemunha protegida
Após a denúncia feita por telefone para a PM, a Corregedoria
da corporação e o DHPP foram acionados e ouviram a testemunha, que voltou a
confirmar as informações, e passou a ser protegida.
A SSP convocou uma entrevista coletiva com a imprensa na
tarde desta terça no DHPP para esclarecer o caso. Além do diretor do
departamento, Jorge Carlos Carrasco, também estará presente o corregedor da
Polícia Militar, coronel Rui Conegundes de Souza.
“Já está determinado. Houve essa falha de conduta no meio da
ocorrência. O próprio DHPP vai fazer a prisão flagrante de quem for considerado
suspeito desse crime", disse o delegado Marcos Lima ao G1. "Ainda não
sei ao certo quantos policiais militares participaram da ação e quantos serão
presos".
Segundo o delegado-geral, todos os policiais que
participaram da ação foram detidos e estavam no DHPP no começo da tarde, onde
prestavam depoimento. Os PMs devem ser levados para o Presídio Romão Gomes, da
Polícia Militar, na Zona Norte.
Desde o ano passado, após uma outra testemunha ter ligado
para o Copom para falar sobre policiais militares que executavam um suspeito
dentro de um cemitério na capital paulista, o governador Geraldo Alckmin (PSDB)
determinou que ações policiais que resultassem em resistência à prisão seguidas de morte fossem
investigadas pelo DHPP e não somente pela Corregedoria da PM.
O caso
Pela manhã, a corporação havia informado que o caso
envolvendo os policiais da Rota na morte dos seis suspeitos teve início na
noite de segunda. Segundo a asssessoria da PM, 14 pessoas supostamente ligadas
à quadrilha estavam reunidas no bar para combinar a libertação de um preso. Os
suspeitos estavam na parte de trás do bar, onde fica o estacionamento. Eles não
desconfiaram, entretanto, que policiais da Rota sabiam dos planos – os PMs
foram avisados por uma denúncia anônima.
O preso que seria alvo do plano de resgate está no Centro de
Detenção Provisória (CDP) do Belém, a 6 quilômetros de distância do bar. Os
policiais foram avisados e cercaram a área - eles disseram que foram recebidos
a tiros e revidaram.
Cinco homens conseguiram fugir, um homem e duas mulheres
foram presos e seis foram baleados. Os feridos morreram durante atendimento
médico em um hospital da região.
Com o grupo, a PM apreendeu três carros, quatro coletes à
prova de balas, sete tijolos de maconha e outros seis tijolos de cocaína, R$ 3
mil em dinheiro e oito armas - das quais quatro de uso restrito.
Fonte: Site G1
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