Jornalista Angelica Weissheimer,
RBS TV Passo Fundo
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Os jurados acataram a tese da acusação de homicídio doloso.
Ele vai cumprir a pena em regime semiaberto.
O capitão da BM Álvaro Martinelli, marido de Angélica disse
que, apesar da pena ter sido baixa do ponto de vista dos familiares, o
resultado é um legado deixado pela jornalista já que criou jurisprudência no
caso. A defesa do réu anunciou que vai recorrer da decisão nos tribunais
superiores. As informações são do jornal O Nacional.
Por cerca de três horas, acusação e defesa travaram um
debate acirrado acerca da denúncia
oferecida pelo Ministério Público, de homicídio doloso contra o réu. Para
defender a tese de que o acusado assumiu o risco de matar, o promotor Adriano Luís de Araújo atuou
amparado nas provas técnicas da perícia e nos depoimentos das testemunhas. “Não
viemos aqui fazer jurisprudência, mas temos um homicídio, não um acidente de
trânsito” - definiu.
Segundo ele, laudos periciais comprovaram que o militar
Álvaro Martinelli viajava a 87 km/h e que a extensão da frenagem feita por ele
antes do choque, de 38 metros, é compatível com a velocidade descrita. Utilizando fotografias, o
representante do Ministério Público mostrou aos jurados que a perícia não
encontrou nenhum sinal indicando a batida na traseira da caminhonete do
acusado, conforme a versão apresentada por ele. “A perícia descartou o
envolvimento direto de um terceiro veículo no fato” observou.
Araújo também apresentou dois vídeos com as matérias
veiculadas sobre o acidente. “A gênese do acidente está na velocidade excessiva
do condutor da caminhonete que era de 146km/h, segundo apurou a perícia” -
disse o representante do M.P.
Assistente de acusação, o advogado Jabs Paim Bandeira,
definiu como ‘roleta russa’ a sequência de ultrapassagens feitas pelo acusado
antes de provocar o acidente. “Ao agir assim, ele assumiu o risco de matar”
resumiu. O assistente salientou que o acusado já havia recebido duas multas por
ultrapassagem indevidas em 2004 e 2005. Bandeira ainda apresentou um vídeo com
uma simulação sobre o acidente.
A estratégia da defesa foi no sentido de desclassificar a
modalidade de homicídio doloso para culposo. O advogado Cézar Roberto
Bitencourt disse que seu cliente não assumiu o risco de matar ninguém.
“O que aconteceu foi um acidente de trânsito, e quem julga é
o juiz. Nunca se julgou no tribunal do júri um caso como esse porque não é
normal isso. Saímos do padrão para o ineditismo ponderou. Para o advogado,
‘ninguém sai dirigindo para matar alguém ou morrer. Ao assumir o risco de
matar, também assume o de morrer. Ele não é um suicida, ainda mais estando
acompanhado da irmã. Quando se faz uma ultrapassagem em local indevido não se
está querendo matar ninguém, portanto, é um homicídio culposo" - disse
Bitencourt aos jurados.
Durante toda a manhã,
foram interrogadas as testemunhas (três de cada lado), além da vítima, o
capitão da BM, Álvaro Martinelli, marido da jornalista Angélica Weissheimer. Em
um depoimento de mais de uma hora, o militar
confirmou que, ao ver a caminhonete ultrapassando o caminhão, manobrou o
Gol para o acostamento. Ao perceber que o motorista da Hilux também desviou
para o mesmo sentido, ainda tentou voltar para a pista, quando ocorreu o
choque. Com o impacto, o Gol capotou.
Martineli disse que a velocidade do automóvel que ele
dirigia, no momento era de aproximadamente 87 km/h. “...Minha única culpa foi
não ter conseguido me desvencilhar das pessoas, depois que saí do carro, para
tentar salvar a Angélica. Fiz tudo que pude para evitar o acidente. Antes do choque ela apenas gritou ‘amor’" - revelou bastante abalado. O militar
também confirmou ter ficado com lesões permanentes em razão das fraturas.
No depoimento seguinte, o motorista do caminhão, que
acompanhou o acidente, confirmou a versão do militar. “Vi pelo retrovisor
quando ele abriu para a pista contrária e iniciou as ultrapassagens. Havia pelo
menos mais dois caminhões atrás do meu” - revelou. Ele negou a versão de que a
caminhonete teria sido atingida na traseira e jogada para o acostamento.
Na sequência, os jurados ouviram uma motorista residente em
Passo Fundo. No dia do acidente, ela viajava pela RS 135, sentido Erechim, e
contou que nas proximidades de acesso ao
município de Estação, percebeu pelo retrovisor que o condutor da Hilux se
aproximou de seu veículo forçando a ultrapassagem em local proibido. “Cheguei a
comentar com meu pai, ‘esse aí está com muita pressa’ contou. Tirei para o acostamento
para ele não bater em mim. À noite, vi na TV a notícia do acidente e reconheci
a caminhonete” revelou.
Arrolada pela defesa, a irmã do réu, que estava com ele no
dia do acidente, manteve a versão de que a caminhonete foi atingida pelo
caminhão e jogada para o outro lado da rodovia. Ela negou que Abraão tenha
feito qualquer ultrapassagem, tanto antes, como no momento do acidente. Os
jurados ouviram ainda policiais e bombeiros que atenderam ao acidente.
O acusado Abraão Luís da Rosa foi ouvido à tarde. O
fisioterapeuta respondeu aos questionamentos do Ministério Público, mas se
reservou ao direito de permanecer calado diante das perguntas feitas pelo
advogado Jabs Paim Bandeira, que atuou como assistente de acusação.
Abraão negou as acusações e sustentou a versão de que teve a
traseira da caminhonete atingida por um caminhão que tentava realizar uma
ultrapassagem. Com a batida, teria sido jogado no outro lado da pista.
“Fui para o acostamento para me salvaguardar, estava quase
parando quando o Gol que vinha em alta velocidade e me atingiu” - revelou.
Disse que viajava a aproximadamente 80km/h transportando
parte de uma carga na carroceria. Após a colisão, segundo ele, o Gol teria
tombado, ficando de lado, e que resgatou sozinho o motorista do interior do
veículo.
Fonte: Site Espaço Vital
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