Advogada é acusada da morte de Ubiratan Guimarães, ocorrida em 2006.
Delegado prestava depoimento
quando houve manifestação da ré.
O juiz Bruno Ronchetti de Castro determinou, na noite desta
segunda-feira (5), que a advogada Carla Cepollina deixasse o plenário onde
ocorre o julgamento dela, no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de
São Paulo, após ela se manifestar durante o depoimento de uma testemunha.
Carla é julgada pela morte do coronel Ubiratan Guimarães,
ocorrida em setembro de 2006. O julgamento começou nesta tarde.
Cepollina, que sempre negou o crime, foi retirada durante o
depoimento do delegado Marco Antonio Olivato, que a indiciou pelo assassinato.
A testemunha respondia a perguntas da advogada de defesa de Carla, Liliana
Prinzivalli, que é mãe da ré, quando a acusada não concordou com uma resposta e
se manifestou. O juiz pediu para ela se conter e solicitou a retirada de Carla
do plenário. Por volta das 22h, o delegado ainda prestava depoimento.
Olivato conduziu a investigação do crime no Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ele indiciou Carla Cepollina pelo
assassinato e deu detalhes, durante o julgamento, de suas conclusões sobre o
caso. O delegado alega que há inconsistência nos depoimentos de Carla e imagens
de câmeras que mostram que ela entregou roupas erradas para a perícia.
Segundo Olivato, o pano de fundo do crime é o caso que o
coronel Ubiratan mantinha com uma delegada da Polícia Federal. Ele diz que o
namoro com Carla já estaria acabado e ela teria matado o coronel por ciúme,
após descobrir o outro relacionamento.
“Os filhos de Ubiratan traçam o perfil de Carla Cepollina
como pessoa possessiva, ciumenta, que queria um compromisso mais oficial. E o
pai não queria isso”, disse.
Na noite do dia 9 de setembro de 2006, data em que a
acusação afirma que o crime ocorreu, Ubiratan recebeu torpedos da delegada. O
delegado afirma que as mensagens teriam sido respondidas por Carla, passando-se
por Ubiratan, fato que ela negou em depoimento.
A delegada ligou e, então, Ubiratan atendeu, dizendo que
iria resolver a situação. “Ela [Carla] fala que o celular estava na sala e a
vítima no quarto dormindo”, afirma o delegado, dizendo haver contradição no
depoimento. Para ele, seria difícil Ubiratan corresponder-se com a delegada na
presença de Carla. Uma perícia realizada posteriormente mostrou que as
mensagens enviadas do celular de Ubiratan foram apagadas.
O delegado afirmou ainda que há depoimentos de pelo menos
três vizinhos diferentes afirmando que ouviram o ruído do tiro. Um deles, a
pianista Odete Campos, foi a primeira testemunha a depor nesta segunda. Houve
ainda testemunhas que relataram a presença de Carla no edifício naquele sábado,
segundo o policial.
Olivato citou ainda outros elementos que evidenciariam o
envolvimento de Cepollina no crime. Câmeras de segurança do edifício onde ela
residia mostraram que ela vestia uma jaqueta e uma blusa clara no sábado da
morte. As peças entregues à polícia para perícia, porém, eram diferentes.
Além disso, a polícia comparou a bala disparada contra
Ubiratan com projéteis de um revólver que pertencia ao coronel, encontrados em
uma árvore em uma propriedade no interior de São Paulo onde ele praticava tiro.
A conclusão da polícia foi que Ubiratan acabou assassinado pela própria arma. O
registro telefônico das ligações realizadas por Cepollina na noite de 9 de
setembro também reforçam a ideia de que ela saiu do apartamento de Ubiratan. O
prédio onde o coronel residia nos Jardins foi tido como seguro pela polícia.
Primeira testemunha
A primeira testemunha a ser ouvida foi a pianista Odete
Campos, vizinha do coronel de 85 anos. Ela também foi convocada pela acusação.
A idosa contou aos jurados que, no dia do assassinato, ouviu um barulho
"estridente", semelhante a de pilha de pratos caindo ou uma pedra na
janela. Entretanto, após ser questionada pelo promotor se era barulho de tiro,
ela disse que não se lembrava dos fatos. Na opinião de Odete, o prédio era
seguro.
A advogada de defesa, Liliana Prinzivalli, questionou Odete
sobre invasões à garagem do prédio e a pianista disse que não se lembrava. A
mãe de Carla foi interrompida ao menos três vezes pelo juiz por sua abordagem à
testemunha. O magistrado pediu que a advogada fizesse perguntas e não
fornecesse informações que poderiam influenciar a testemunha.
Julgamento
A acusação ouvirá, no total, três testemunhas. As cinco
testemunhas de acusação foram dispensadas. O julgamento deve prosseguir nesta
terça-feira com o depoimento de Carla Cepollina. Nos próximos dias ocorrerão
também os debates, com a acusação e a defesa apresentando seus argumentos para
os jurados.
Fonte: Site G1
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