A mãe de Eliza, Sonia Samudio, ajoelhou-se na frente do
plenário no momento em que a juíza anunciou a pena. E se disse
"aliviada". Já o promotor afirmou estar "feliz" com a
sentença, mas ressaltou que não houve vitória, uma vez que uma pessoa (Eliza)
está morta. O advogado Lúcio Adolfo, que representa o goleiro Bruno, estuda
pedir a suspensão da juíza "por tudo o que ela fez no processo". Os
réus ainda podem recorrer da sentença.
Macarrão está preso há 2 anos, 4 meses e 17 dias. Pela
sentença de ontem, terá de cumprir até 12 anos em reclusão. Já Fernanda ficará
em liberdade. A juíza destacou que a ré é primária e tem bons antecedentes.
À tarde, durante a sustentação oral e os debates, o advogado
Leonardo Diniz já pedia uma "condenação justa" para Macarrão. E
destacava que ele apenas cumpria ordens de Bruno, de quem era amigo desde a
adolescência e a quem, de acordo com o advogado, "idolatrava" por ter
alcançado o sonho de infância de ambos, que era se tornar jogador de futebol.
"Que seja aplicada uma reprimenda. Mas que essa reprimenda seja justa, de
acordo com sua participação (no homicídio)", afirmou Diniz. "E que
seja absolvido do crime de ocultação de cadáver, porque não pode responder pelo
corpo dela."
O júri, formado por seis mulheres e um homem, só absolveu
seu cliente pela ocultação de cadáver. Com relação ao homicídio, o próprio réu
assumiu, em depoimento de mais de cinco horas no Tribunal do Júri, nesta
semana, que a jovem foi morta, mas alegou que não conhece o homem a quem
entregou Eliza para ser executada, a mando do goleiro, em 10 de junho de 2010.
Segundo a juíza Marixa, "a confissão foi fundamental para que o conselho
de sentença tivesse certeza da morte de Eliza".
Promotoria. Depois de se manter tranquilo na maior parte dos
cinco dias do julgamento, o promotor Henry Wagner Vasconcelos, encarregado da
acusação, foi incisivo em sua apresentação oral. Vasconcelos classificou todos
os acusados como "horda de bandidos" e chamou de "facínora"
o jogador, que acusa de ter tramado o assassinato da ex-amante. O promotor
afirmou que réus e testemunhas mentiram na maior parte do tempo.
Vasconcelos foi incisivo e não poupou os dois réus de
ataques virulentos, criticando até mesmo a confissão feita por Macarrão, que
resultou na condenação menor.
O promotor considerou "inteligentemente planejada"
pela defesa do réu a admissão de culpa nesse ponto. "O Ministério Público
não precisava da confissão. A verdade não veio da confissão. Pelo
contrário."
Segundo o promotor, o acusado confessou "não porque ele
é bonzinho nem porque sua defesa entende que ele deveria realizar um gesto de
generosidade" com a Justiça. "Justamente porque a prova é firme e não
haveria como negá-la é que o réu, orientado por sua defesa, dispôs-se a
confessar. E a confessar a seu modo, porque o réu floreia e oculta. Essa é a
natureza de quem está com a corda no pescoço", ressaltou Vasconcelos.
"Ele não foi mero cumpridor de tarefas. É um dos coarticuladores do
crime."
Novo julgamento. Após uma série de manobras de advogados,
houve o desmembramento do processo em relação a Bruno, ao ex-policial civil
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola (suposto executor), e à ex-mulher do
goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo. Foram julgados no Fórum de Contagem só o
ex-braço direito do jogador e a ex-namorada. Bruno e os demais só serão
julgados a partir de 4 de março, ao lado de Wemerson Marques de Souza, o
Coxinha, e Elenílson Vítor da Silva, também acusados do sequestro e cárcere
privado da criança de Eliza.
Fonte: O Estadão
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