Tragédia que matou 242 pessoas
completa cinco meses nesta quinta-feira.
Segundo dia de audiência do caso
tem 13 depoimentos em Santa Maria.
Um debate entre sobre a presença
da imprensa marcou a abertura da segundo dia de audiências com testemunhas
sobre a tragédia na boate Kiss nesta quinta-feira (27). O início da sessão
atrasou cerca de 40 minutos, enquanto acusação e defesa discutiam a questão no
Salão do Júri do Fórum de Santa Maria, onde está sendo julgado o processo
criminal contra os quatro réus acusados de homicídio doloso no caso. A tragédia
matou 242 pessoas e completa cinco meses nesta quinta.
Na manhã desta quinta, Guilherme
Bastos Mello foi um dos sobreviventes ouvidos na audiência. O jovem estava na
boate e ajudou no resgate das vítimas na madrugada do dia 27 de janeiro. Ele
conta que entrava agachado no prédio para tirar "várias pessoas".
"A gente ia rastejando e quando se erguia vinha aquela fumaça. A gente ia,
arrastava as pessoas para fora e voltava para respirar", contou no
depoimento.
Guilherme ainda citou o tumulto e
o empurra-empurra na saída da boate. "Infelizmente, quem era mais forte
saía. Alguns caíam no caminho e acabavam sendo pisoteados", afirmou. O
segundo dia de sessão no Fórum de Santa Maria prevê 13 depoimentos no total. O
primeiro dia, na quarta-feira, foi marcado pela presença de dois dos réus, os
integrantes da banda Gurizada Fandangueira Marcelo Jesus dos Santos e Luciano
Bonilha Leão, que também estão no local nesta quinta.
Advogados de defesa reclamam de
presença de jornalistas
O descontentamento com a presença
dos jornalistas já havia sido manifestado na audiência de quarta-feira (26)
pelo advogado Jader Marques, que defende Elissandro Spohr, um dos sócios da
boate. Segundo ele, a imprensa está usando apenas trechos do depoimento das
testemunhas, sobreviventes e ex-funcionários da boate.
“A imprensa está prejudicando o
nosso trabalho”, afirmou Marques. “De oito horas de depoimento, a imprensa está
resumindo em algumas frases. Essa tendenciosidade acaba afetando o processo”,
acrescentou o advogado.
O advogado Omar Obregon, defensor
do vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos,
também se manifestou contra a presença dos jornalistas da sala de audiências. E
foi seguido por Bruno Seligman de Menezes, defensor do outro sócio da boate, o
empresário Mauro Hoffman.
“Não quero censurar a imprensa,
mas evidentemente que está havendo prejuízo ao processo. Tem que haver algum
critério sobre as coisas que estão saindo, um termo de compromisso”, sugeriu.
Os representantes do Ministério
Público (MP) e o assistente de acusação, advogado Jonas Stecca, no entanto,
defenderam a publicidade das audiências, que são abertas ao público, e também a
presença dos jornalistas na sala de audiência.
“A imprensa nunca foi e nunca vai
ser censurada aqui. A imprensa publica o que acha que deve publicar. Nós do
Ministério Público não vamos concordar com isso aí (proibir a entrada de
jornalistas)”, afirmou o promotor Maurício Trevisan.
O juiz Ulysses Fonseca Louzada
afirmou que o processo é público e que todos podem acompanhar, mas manifestou
preocupação com a exposição das testemunhas do caso. “Nós estamos em um país
democrático e acho que vivemos um momento em que temos de dar exemplo de
democracia”, declarou o juiz responsável pelo caso.
Como no dia anterior, apenas dois
dos quatro réus acompanham as audiências no Fórum, Marcelo de Jesus dos Santos
e o produtor da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Bonilha Leão. Os sócios da
boate pediram dispensa da audiência. Nesta quinta, 13 testemunhas, entre
sobreviventes da tragédia e ex-funcionários da Kiss, devem ser ouvidas, três a
mais do que no dia anterior.
Fonte: Site G1 RS
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