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quinta-feira, junho 27

Boate Kiss II: 'Quem era mais forte saía', diz jovem que ajudou a resgatar vítimas na Kiss


Tragédia que matou 242 pessoas completa cinco meses nesta quinta-feira.
Segundo dia de audiência do caso tem 13 depoimentos em Santa Maria.

Um debate entre sobre a presença da imprensa marcou a abertura da segundo dia de audiências com testemunhas sobre a tragédia na boate Kiss nesta quinta-feira (27). O início da sessão atrasou cerca de 40 minutos, enquanto acusação e defesa discutiam a questão no Salão do Júri do Fórum de Santa Maria, onde está sendo julgado o processo criminal contra os quatro réus acusados de homicídio doloso no caso. A tragédia matou 242 pessoas e completa cinco meses nesta quinta.

Na manhã desta quinta, Guilherme Bastos Mello foi um dos sobreviventes ouvidos na audiência. O jovem estava na boate e ajudou no resgate das vítimas na madrugada do dia 27 de janeiro. Ele conta que entrava agachado no prédio para tirar "várias pessoas".

 "A gente ia rastejando e quando se erguia vinha aquela fumaça. A gente ia, arrastava as pessoas para fora e voltava para respirar", contou no depoimento.

Guilherme ainda citou o tumulto e o empurra-empurra na saída da boate. "Infelizmente, quem era mais forte saía. Alguns caíam no caminho e acabavam sendo pisoteados", afirmou. O segundo dia de sessão no Fórum de Santa Maria prevê 13 depoimentos no total. O primeiro dia, na quarta-feira, foi marcado pela presença de dois dos réus, os integrantes da banda Gurizada Fandangueira Marcelo Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, que também estão no local nesta quinta.

Advogados de defesa reclamam de presença de jornalistas

O descontentamento com a presença dos jornalistas já havia sido manifestado na audiência de quarta-feira (26) pelo advogado Jader Marques, que defende Elissandro Spohr, um dos sócios da boate. Segundo ele, a imprensa está usando apenas trechos do depoimento das testemunhas, sobreviventes e ex-funcionários da boate.

“A imprensa está prejudicando o nosso trabalho”, afirmou Marques. “De oito horas de depoimento, a imprensa está resumindo em algumas frases. Essa tendenciosidade acaba afetando o processo”, acrescentou o advogado.

O advogado Omar Obregon, defensor do vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, também se manifestou contra a presença dos jornalistas da sala de audiências. E foi seguido por Bruno Seligman de Menezes, defensor do outro sócio da boate, o empresário Mauro Hoffman.

“Não quero censurar a imprensa, mas evidentemente que está havendo prejuízo ao processo. Tem que haver algum critério sobre as coisas que estão saindo, um termo de compromisso”, sugeriu.

Os representantes do Ministério Público (MP) e o assistente de acusação, advogado Jonas Stecca, no entanto, defenderam a publicidade das audiências, que são abertas ao público, e também a presença dos jornalistas na sala de audiência.

“A imprensa nunca foi e nunca vai ser censurada aqui. A imprensa publica o que acha que deve publicar. Nós do Ministério Público não vamos concordar com isso aí (proibir a entrada de jornalistas)”, afirmou o promotor Maurício Trevisan.

O juiz Ulysses Fonseca Louzada afirmou que o processo é público e que todos podem acompanhar, mas manifestou preocupação com a exposição das testemunhas do caso. “Nós estamos em um país democrático e acho que vivemos um momento em que temos de dar exemplo de democracia”, declarou o juiz responsável pelo caso.

Como no dia anterior, apenas dois dos quatro réus acompanham as audiências no Fórum, Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Bonilha Leão. Os sócios da boate pediram dispensa da audiência. Nesta quinta, 13 testemunhas, entre sobreviventes da tragédia e ex-funcionários da Kiss, devem ser ouvidas, três a mais do que no dia anterior.


Fonte: Site G1 RS 

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