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terça-feira, outubro 5

Polícia abre inquérito para investigar suposta tortura em clínica de recuperação em Passo Fundo

Internos dependentes químicos denunciaram agressões, maus tratos e até aborto involuntário.

Agentes da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Passo Fundo investigam denúncias de maus tratos e, inclusive, tortura contra internos em uma clínica de recuperação de dependentes químicos e doentes com esquizofrenia, localizada no loteamento Dom Rodolfo, na periferia da cidade. O titular da DPCA, delegado Mário Pezzi, explicou que a investigação começou depois que três adolescentes de Ijuí, liberados do estabelecimento, contaram pelo que haviam passado.

Ouvidos por carta precária, eles confirmaram os maus tratos. Um deles, inclusive revelou que teve um cabo de vassoura com preservativo na ponta introduzido no ânus. Diante disso, o delegado Mário Pezzi pediu um mandado de ingresso, deferido pela justiça. No fim dessa manhã, os policiais da DPCA entraram na clínica, onde encontraram 72 pacientes internados. Destes, 49 com problemas de esquizofrenia e 23 dependentes químicos. Dos viciados em drogas, 14 eram menores com idades, entre 15 e 18 anos incompletos, entre eles, quatro meninas.

Já na chegada dos policiais, os internos começaram a pedir socorro, dizendo-se "cansados de apanhar". Os relatos chocaram os PMs. Os internos contaram que eram agredidos com tapas, socos e, inclusive com golpes de meia recheada com sabonete. Segundo os relatos, os agressores só paravam de bater quando o sabão se esfarelava. Os policiais encontraram vestígios de sangue nos colchões, paredes e no teto. Também foi apreendido um cabo de vassoura quebrado. Duas das adolescentes relataram que sofreram aborto no interior da clinica depois de ter sido, supostamente, obrigadas a tomar o medicamento Citotec, que é abortivo.

O delegado Mário Pezzi disse que há fortíssimos indícios de tortura. Os 14 adolescentes foram encaminhados para o Departamento Médico Legal (DML) para exames de lesões corporais. Quatro pessoas que trabalhavam na clínica foram conduzidas para a DPCA, onde prestam depoimento.

No fim da tarde, o delegado deve anunciar em quais crimes os responsáveis pela clínica devem ser indiciados e se vai pedir a prisão de parte deles. A ação da Polícia foi acompanhada pelo Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente, Ministério Público e Vigilância Sanitária, com apoio da Brigada Militar. A clínica deve ser interditada.
(Fonte: Rádio Guaíba)

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