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sábado, fevereiro 12

Capitais da violência no Rio Grande do Sul


Matéria do Jornal Zero Hora revela as cidades do RS lembradas pelos índices de criminalidade.

O que revela o mapa do crime?


Se Porto Alegre é a capital de todos os gaúchos, algumas cidades poderiam dividir o título quando o tema é a violência. Entre as candidatas ao indesejável posto está Alvorada, campeã em assassinatos. Com 195 mil habitantes, o município apresenta uma taxa de homicídios comparável às registradas na Colômbia e no Iraque pós-guerra.

A seguir, ZH mostra como é o mapa do crime no Estado, depois de cruzar dados da Secretaria da Segurança Pública, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

A cidade das mortes

Ao longo de 2010, uma pessoa foi morta em Alvorada a cada quatro dias. Com 90 assassinatos no ano passado, o município apresenta uma taxa quase 70% maior do que São Leopoldo, a segunda colocada no ranking, com 68 mortes.

Para as autoridades policiais, o tráfico de entorpecentes está por trás de maioria dos casos. Estimam que oito em cada 10 crimes tenham as drogas como pano de fundo (na foto acima, uma operação para combater homicídios na cidade).

– Em Alvorada, o tráfico está disseminado em toda a cidade – diz o delegado Omar Abud, titular da 1ª Delegacia Regional da Polícia Civil em 2010.

Na década de 90, a cidade era a quinta do ranking de homicídios, com taxa de 27,6 mortes para cada 100 mil habitantes. Em 2005, já havia alcançado o topo da lista com taxa de 29 assassinatos. Agora, bateu a casa das 45 assassinatos.

– Estou designando um delegado para concluir os inquéritos parados. Esse trabalho antecede a criação de uma delegacia especializada em homicídios – diz o novo titular da delegacia regional, Leonel Carivali.

 
Alta taxa de prisões

Mesmo com a prisão de grandes traficantes como Juraci Oliveira da Silva, o Jura, e Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão, que agiam em Porto Alegre, a cidade continua à frente no ranking de prisões por tráfico. Ao longo do ano passado, foi realizado, em média, um flagrante a cada três horas. Mais de 2,5 mil pessoas foram para a cadeia por vender entorpecentes – mais da metade vendia crack.

Para o ex-diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) delegado João Bancolini, a alta taxa de prisões decorre da combinação de drogas disponíveis e repressão policial:

– Tem muita droga circulando ainda. Enquanto houver consumidor, haverá oferta. O número de prisões é maior também porque o efetivo policial é maior. Além da Brigada Militar e das delegacias distritais, há o Denarc agindo na Capital.

Chamou a atenção do policial a colocação de cidades do Interior nas primeiras colocações do ranking. Conforme ele, Uruguaiana, Cruz Alta e Rio Grande podem estar servindo de entrepostos para traficantes.

– Zonas de fronteira ou portuárias sempre têm muita circulação de pessoas, gente de fora, que traz ou consome drogas – avalia o policial.


A viagem pela droga

Jovens, com idade entre 18 e 22 anos, motorizados e em busca de drogas na periferia da cidade. Esse é o perfil do usuário flagrado portando entorpecentes em Lajeado, cidade que está no topo da lista nesse tipo de crime. Metade deles, no entanto, não mora na cidade. Vem de municípios vizinhos no Vale do Taquari.

A descrição desse cliente do tráfico feito a partir de levantamento da Polícia Militar aponta ainda o perfil do consumo pela classe média da região. Em muitos veículos abordados em blitze, além de maconha ou cocaína, também são encontradas pedras de crack.

– Intensificamos as abordagens aos usuários para chegar aos traficantes. Cada usuário autuado nos aponta de quem comprou a droga. E é nisso que estamos interessados – diz o comandante da Brigada Militar do Vale do Taquari, coronel Antonio Scussel.

A estratégia levou a BM a mapear os pontos de venda de entorpecentes para realizar operações nesses locais. Se o alto número de autuações revela rigor nas abordagens policiais, o índice também aponta que a droga ainda circula com intensidade no município.

– Temos feito operações em parceria com o Ministério Público para desarticular bandos, mas o trabalho tem de ser contínuo – pondera o oficial.

13 carros levados por dia

A grande oferta de carros novos, em especial de sedãs potentes e utilitários de luxo, atrai ladrões da Região Metropolitana para Porto Alegre. Apesar de o número de ataques estar em queda em todo o Estado, pelo menos 13 carros foram levados por dia na Capital em 2010. A cada meia hora, um motorista foi ameaçado com arma de fogo para que entregasse seu veículo.

– O criminoso procura oportunidade. Se está em busca de um veículo de luxo, ele vai atacar um motorista em um bairro de maior poder aquisitivo – afirma o delegado Heliomar Franco, que esteve em 2010 à frente da Delegacia de Roubos de Veículos.


Uma surpresa

Apesar de o número de furtos ter caído pela metade nos últimos cinco anos, Camaquã, no centro-sul do Estado, subiu nesse período da quinta para a primeira colocação no ranking. Ao saber que uma das cidades de sua jurisdição alcançou o indesejável posto, o delegado regional Rudimar Rosales se surpreendeu:

– Fiquei preocupado. Temos sob controle o crime na cidade.

A cidade é seguida de perto por Porto Alegre, onde é registrado um furto a cada 15 minutos. Para Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubos, neste caso são os bolsões de miséria que impulsionam os pequenos furtos.

– Talvez em Camaquã exista mais consciência da população e, por isso, registre mais os furtos.
A vizinha Canoas está na segunda colocação no ranking dos roubos de veículos. Além de uma frota nova, a cidade é cortada pela rodovia Porto Alegre-Novo Hamburgo (BR-116), o que facilita as fugas.

Assaltos freqüentes

Os ataques a pedestres e os assaltos a residências e a estabelecimentos comerciais são mais frequentes em Alvorada do que em outros municípios, assim como os homicídios (leia na página ao lado). Novamente o tráfico estaria envolvido em parte dos crimes.

– Acho que nessa conta tem muita influência a situação econômica da cidade, que tem um dos menores PIBs do Estado. Sem oportunidade, muitos migram para o crime, infelizmente – avalia Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubos.

Com índice muito próximo de Alvorada, está Porto Alegre, onde foi registrado um assalto a cada 30 minutos em 2010. A maior oferta de alvos, casas e estabelecimentos comerciais de rua continua a servir de atrativo aos bandidos

O Estado registrou mais de 58 mil roubos, e 72 deles acabaram em morte no ano passado.


Carro antigo é o alvo

Chevette, Fusca, Uno e Gol estão entre os alvos dos bandidos que preferem a chave mixa ao revólver. E por ter uma frota antiga rodando em sua periferia, Novo Hamburgo está no topo do ranking nesse tipo de crime.

– Carros mais novos podem ser clonados ou usados em assalto. Carros mais antigos são desmontados para abastecer o mercado de peças usadas – diz o delegado Heliomar Franco, que esteve em 2010 à frente da Delegacia de Roubos de Veículos.


Vigaristas em ação

O maior número de empresas facilita a vida dos vigaristas na Capital.

– No Interior, o estelionatário aplica um ou dois golpes e é descoberto. Em Porto Alegre, ela muda de endereço com mais facilidade – diz o delegado Rodrigo Bozzetto, que esteve à frente das delegacias Fazendária e do Consumidor em 2010.

Para o policial, a presença de cidades do Interio no ranking pode indicar a ação de grupos mais organizados que agem pontualmente nos polos regionais.
Fonte: Jornal Zero Hora

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