(*) Miguel Cançado,
Diretor Tesoureiro do Conselho Federal da OAB
Artigo publicado no Jornal O Popular (GO)
"Não há um só dia em que, logo cedo, lendo os jornais, não nos assaltam, com perdão da expressão apropriada para o tema, as notícias sobre a crescente e diversificada onde de violência que assombra a sociedade brasileira.
No entanto, a reflexão sobre as causas da violência social não deve passar apenas pela elaboração de medidas emergenciais. Evidentemente, maiores investimentos em segurança pública, como o aumento do efetivo policial nas ruas e a construção de novos presídios são necessários. No entanto, é preciso considerar que cultura, educação e instituição familiar são fundamentais para superarmos a crise social em que estamos mergulhados. E é muito urgente!
São notícias sobre as mais variadas formas de violência: contra a mulher, crianças e adolescentes, homossexuais; no trânsito; nas escolas, a velha agressão sob nova denominação - o bullying; enfim, são tantos os casos e exemplos, quase incontáveis.
A cada caso e cidadão que eleva as estatísticas de violência em todo o país, nos perguntamos, perplexos: por quê? Há tempos, a pobreza deixou de justificar muitos crimes. O envolvimento com drogas, por exemplo, certamente responde pela maioria dos casos. Mas, não podemos mais buscar explicações sem propor medidas preventivas, sem ouvirmos a sociedade, sem planejar o que será feito a partir de hoje para reverter este grave cenário.
Um plano de ação nacional deve envolver várias frentes de atuação e ser desenvolvido com seriedade. A instituição familiar, o incentivo e a valorização dos jovens em atividades esportivas e na área cultural, a educação básica de qualidade e em tempo integral e o fim da impunidade estão entre questões relevantes para a redução da violência, é o óbvio, reconheço, mas passa por ai.
Mas isso não é novidade. Todos nós, instituições sociais, Estado e sociedade civil, sabemos disso. Falta vontade política, compromisso com a população, planejamento e justiça social. Por outro lado, os valores arrecadados com a alta carga tributária a qual nos submetemos, se bem aplicados, possibilitam, sim, o desenvolvimento de ações viáveis e que podem gerar bons resultados.
E, apesar do Estado ter suas responsabilidades, a sociedade civil não pode se isentar. O mínimo que devemos fazer é mobilizar organizações que trabalham com esse intuito e cobrarmos, incessantemente, ação por parte dos governantes e representantes no Poder Legislativo.
A violência está entre os principais desafios da sociedade brasileira nesse momento e não deve ser tratada como um projeto para o futuro, mas como uma urgência que já extrapolou todos os níveis de tolerância”.
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