“Não se pode ter, numa vara de execuções onde existem muitos grupos perigosos, um único juiz”, afirmou sexta-feira (12/08) a ministra Eliana Calmon, corregedora Nacional de Justiça, referindo-se ao assassinato da juíza Patrícia Acioli, da Comarca de São Gonçalo (RJ). “Isso tem que ser diluído”, acrescentou.
Depois do assassinato, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro designou três juízes para o lugar de Patrícia Acioli. De acordo com a ministra Eliana Calmon, o Ministério Público já tomou a precaução de evitar que um único procurador assine denúncias em casos perigosos. Os documentos são assinados por até seis procuradores, de forma a dificultar a vingança por parte dos criminosos.
A corregedora Nacional de Justiça lembrou que países vizinhos do Brasil adotaram medidas de precaução para proteger juízes e procuradores na investigação do crime organizado. A Colômbia chegou a recorrer ao juiz de cara oculta ou de cara tampada.
“Não vamos chegar a esse ponto. Estou apenas lembrando o que pode ser feito”, explicou.
Carro blindado
Se a juíza Patrícia Acioli estivesse em um carro blindado, talvez escapasse do atentado, comentou a corregedora, que repassou ao Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco (TJPE) veículo blindado para uso de uma magistrada ameaçada de morte.
A ministra Eliana Calmon informou que encaminhou ofício aos tribunais para saber se algum outro magistrado precisa de veículo do tipo. “Já temos à disposição outros carros blindados”, disse.
Ela reafirmou o compromisso do CNJ e da Corregedoria com os magistrados. “Os magistrados brasileiros podem estar certos que não estão sozinhos”. “O Conselho está sempre alerta, não só para coisas erradas”, mas para apoiar os magistrados nos momentos de necessidade”.
“Eu, como corregedora, estarei sempre ao lado da magistratura brasileira”.
A corregedora conta que recebeu um juiz da comarca de Tuntum, no Maranhão, que estava assustado porque sua casa fora metralhada. A Corregedoria tomou providências imediatas e, hoje, o município passa por uma varredura, comandada por cinco juízes, cinco procuradores, Polícia Federal e polícias estaduais.
“Quero dizer aos magistrados que a função é perigosa, mas precisamos fazer o que tem que ser feito”, disse.
Fonte: Agência CNJ de notícias
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