O delegado Edvaldo Faria, da central de flagrantes que funciona no 91º DP (Ceasa), informou que o valor da fiança arbitrado aos 73 estudantes da USP detidos durante a reintegração de posse do prédio da reitoria da instituição nesta terça-feira (8) foi reduzido de R$ 1.050 para R$ 545. Os alunos serão indiciados por dano ao patrimônio público e desobediência à ordem da Justiça. Todos deverão passar por exame de corpo de delito ainda nesta tarde. Os estudantes também serão investigados pela polícia por formação de quadrilha.
De acordo com Eliana Lúcia Ferreira, advogada da Central Sindical e Popular Conlutas, a organização iniciou nesta terça-feira uma campanha nacional para arrecadação de fundos com movimentos populares do país para pagar a fiança de todos os estudantes detidos. O advogado Felipe Gomes da Silva Vasconcelos, que representa estudantes presos, afirmou no início desta tarde que irá entrar com pedido junto à Justiça solicitando a soltura de todos os detidos.
“A prisão foi ilegal. Não houve individualização de crime. É preciso haver uma investigação para tipificar primeiro o que cada um possa ter cometido. Isso não ocorreu”, afirmou Vasconcelos. Ele disse que pretende entrar com o pedido de soltura ainda nesta tarde.
Outro advogado de defesa dos estudantes, Alexandre de Sá Domingues disse que seu cliente foi agredido durante a ação da PM e que vai registrar ocorrência por agressão no 91º DP. Segundo o advogado, o ex-aluno, formado em Ciências Sociais, dormia no carro, estacionado perto da reitoria, no momento em que os policiais chegaram ao campus.
De acordo com Domingues, ele estava lá em apoio aos demais estudantes, mas não chegou a ocupar a reitoria. “Meu cliente estava dormindo, foi acordado pela Tropa de Choque e atingido pelo capacete de um policial militar, que machucou o seu nariz”, afirmou. Ainda segundo o advogado, os estudantes detidos devem ficar em silêncio durante depoimento à polícia.
O porta-voz da Polícia Militar, Marcel Sofner, afirmou que a PM não tem informações sobre feridos na ação. "A PM agiu de acordo com a lei", disse.
A reintegração
A reintegração de posse começou no fim da madrugada após os estudantes definirem em assembleia na noite de segunda que não cumpririam uma decisão judicial para deixar a reitoria no prazo estipulado. As equipes do 2º Batalhão de Polícia de Choque (BP Choque) deixaram o quartel da corporação, na região da Luz, Centro de São Paulo, por volta das 4h30 e chegaram 40 minutos depois à Cidade Universitária. Eles arrombaram portas do prédio da reitoria.
Um grupo de estudantes gritava palavras de ordem contra a presença da PM no campus e houve correria de manifestantes. A Polícia Militar usou dois helicópteros Águia para acompanhar a reintegração de posse.
Após a reintegração, alunos favoráveis ao movimento tentaram bloquear com mesas e cadeiras as entradas de outro prédio da USP. Desta vez, o alvo do protesto foi no curso de Letras. Houve um princípio de tumulto envolvendo universitários que desejavam entrar para acompanhar as aulas. Após a confusão, a faculdade decidiu suspender as atividades nesta terça.
Fonte: Site G1
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