Sete pessoas que moravam em ruas foram mortas na madrugada de sexta.
Delegados não detalham casos e dizem preparar balanço das ocorrências.
Sete moradores de rua foram assassinados na madrugada de sexta-feira (3), quarto dia de greve de policiais militares do estado, no bairro Boca do Rio, em Salvador, informou a Polícia Civil nesta terça-feira (7).
A corporação afirma que prefere não revelar detalhes sobre o crime para prevenir 'acirramento de ânimos', mas diz que equipes trabalham para identificar os autores e suas motivações através de testemunhas. Relatos de ataques a moradores de rua são frequentes desde o início da greve dos PMs, na noite de terça-feira (31). A apuração é realizada pela Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP)
A corporação, através da assessoria de imprensa, diz que prefere resguardar em sigilo o andamento das investigações, pelo menos neste momento em que a greve de mantém, para evitar associações entre as situações. "Eles estão tentando entender os modus operandi, avaliando o biótipo de pessoas que foram vistas por testemunhas. Formas como agiram, utilizaram os carros e quais são os seus biótipos", afirma o coordenador de comunicação social, Cláudio Pimentel.
O governador Jaques Wagner disse, em entrevista, que os doze mandados de prisão expedidos pela Justiça, a pedido do Ministério Público, contra líderes do movimento grevista, têm relações diretas com os atos de vandalismo, dentre eles, as mortes dos moradores de rua. Os membros do movimento e até a assessoria da Polícia Civil negam qualquer relação.
"O Ministério Público foi ao judiciário baiano e propôs essas prisões em função dos vandalismo que tava acontecendo naqueles dias. Todos viram as pessoas entrando nos ônibus e tirando a população, ônibus escolar queimado, pneu de viatura furado, morte inexplicável de moradores de rua", relatou.
A polícia admite que o número cresceu desde terça-feira (31). Nesta manhã, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informa que já passa de cem a quantidade de casos de mortes por crimes. Também há relatos de cumprimento de ameaças decorrentes de tráfico de drogas, que teriam sido facilitadas por conta da defasagem do efetivo da Polícia Militar.
Segundo o setor de comunicação, não houve aumento do volume de solicitações e ocorrências na região metropolitana. Essas solicitações, informa o órgão, são referentes a contravenções chamados de 'via de fatos', como lesões corporais cujos envolvidos são familiares e/ou vizinhos. A assessoria relata ainda que o balanço das ocorrências está sendo construído para melhor entendimento do retrato criminal dos últimos dias.
Proposta do governo
O governador da Bahia, Jaques Wagner, afirmou na manhã desta terça, em entrevista ao Bom Dia Brasil, que as negociações para o fim da greve dos policiais militares no estado avançam desde a tarde de segunda-feira, quando tropas do Exército e da Força Nacional cercaram a Assembleia Legislativa, em Salvador, onde os grevistas estão abrigados.
Wagner afirmou também estar disposto a conceder o pagamento da Gratificação de Atividade Policial (GAP) de nível 4, a principal exigência do movimento, mas diz não ter recursos para que o pagamento seja feito imediatamente.
A proposta levantada por ele é de que o valor da gratificação seja pago de forma diluída ao longo dos três próximos anos. Atualmente, os policiais recebem a gratificação de nível 3 e o salário do soldado varia entre R$ 1.900 e R$ 2.300.
“Nós, ao longo de cinco anos, concedemos 30% de aumento real. E eu tenho limite na folha. As negociações são em torno desse valor, da chamada GAP 4 e eventualmente até da GAP 5, mas evidentemente isso terá que ser partilhado ao longo de 2013, 2014 e até 2015. Se for para pagar alguma coisa imediatamente agora, não há menor espaço, porque eu não tenho espaço fiscal para fazê-lo", afirmou o governador.
Negociações
Segundo ele, as negociações para o fim da paralisação começaram às 16h30 de segunda e se estenderam até as 2h desta terça-feira. As conversas para o fim do movimento devem ser retomadas nesta manhã, a partir das 10h.
"Eu posso lhe garantir que uma negociação que começou às quatro e meia da tarde e se estendeu até as duas e meia da manhã, é um ótimo sinal. Quando as coisas não andam, as negociações se interrompem rapidamente", disse. "A extensão da reunião é um sinal de que estamos no caminho de encontrar uma saída negociada”, acrescentou.
Anistia
O governador descartou conceder anistia aos grevistas que realizaram o que chamou de “atos criminosos”, mas minimizou os atritos com o que chamou de “profissionais da segurança pública”, procurando convocar os PMs a "garantir a segurança da população durante o Carnaval". "Anistia se concede em um regime de exceção e de guerra, e estamos em uma democracia.
Conceder anistia seria um salvo-conduto (para atos criminosos).", afirmou."O meu chamamento é aos profissionais da segurança pública, que não deixem a população a descoberto.
A nossa missão é a missão de garantir a segurança pública e nós devemos fazê-lo mesmo em momentos em que a gente está pedindo maior salários. Eu insisto que o Carnaval está chegando, nosso interesse é que rapidamente se bata o martelo na mesa de negociação e eu tenho convicção de que isso vai acontecer", acrescentou Wagner.
Fonte: Site G1
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