O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco) prendeu temporariamente, na manhã de hoje, em Londrina, no norte do
Paraná, o vereador Eloir Valença (PHS), o chefe de gabinete da prefeitura,
Rogério Ortega, e o diretor de Participações da empresa local de telefonia Sercomtel,
Alysson Carvalho.
O delegado do Gaeco, Alan Flore, não deu detalhes sobre a
prisão, mas os três podem ter ligação com suposto pagamento de propina ao
vereador Amauri Cardoso (PSDB) para que votasse contra a instalação de uma
Comissão Processante (CP) contra o prefeito Barbosa Neto (PDT).
Na terça-feira da semana passada, já tinham sido presos em
flagrante o empresário Ludovico Bonato e o ex-secretário de governo Marco Cito.
Dois dias depois, os vereadores aprovaram a instalação da CP que investigará
denúncias de que o prefeito utilizou como seguranças das instalações de uma
rádio de sua família dois vigilantes da empresa Centronic, pagos pela
prefeitura.
O prefeito disse estar com a 'consciência tranquila'. Uma
Comissão Especial de Inquérito, instalada no ano passado, colocou dúvidas sobre
as notas apresentadas pela rádio como provas do pagamento dos seguranças. A CP
pode resultar em processo de cassação de Barbosa Neto.
As prisões realizadas ontem foram determinadas pelo juiz
substituto da 3ª Vara Criminal de Londrina, Mário Azzolini. O delegado do Gaeco
justificou que a medida era 'oportuna'. 'Nós não podemos detalhar neste momento
para não prejudicar eventuais novas medidas que sejam realizadas daqui para
frente, mas postulamos a prisão temporária porque entendemos que seriam
imprescindíveis neste momento das investigações', afirmou.
Segundo ele, novas prisões podem acontecer. 'Nós não podemos
descartar nenhuma medida de caráter investigatório que seja tomado ao longo da
investigação', reforçou.
O advogado João dos Santos Gomes Filho, que defende Ortega e
Carvalho, considerou as prisões 'midiáticas'. 'Tanto que é a mídia que me
informa das prisões', argumentou. 'Elas têm um escopo que é plantar dificuldade
para o prefeito, pedras de tropeço no governo Barbosa Neto.'
Segundo ele, o Gaeco tem prazo até amanhã (03) para
apresentar denúncia, visto que os réus estão presos. Portanto, iria aguardar
que, em razão disso, nem fosse necessário completar os cinco dias da prisão
temporária de seus clientes.
Já o advogado de Valença, André Cunha, questionou a atitude
da Justiça e disse que entraria com habeas corpus. Segundo ele, o vereador
esteve no Gaeco no dia anterior na condição de testemunha e forneceu todos os
documentos pedidos. 'Então, a não ser que haja algum fato novo de ontem para
hoje, não há nada que justifique o pedido de prisão temporária', afirmou.
Ele acentuou que foi
pego de surpresa e disse que os sigilos bancário e telefônico de Valença estão
disponíveis. No fim da manhã, o vereador teve crise de hipertensão e precisou
de internamento.
Fonte: O Estadão
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