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quarta-feira, novembro 3

Caso Eliza Samúdio (II) - Réu (primo de Bruno) diz ter sido torturado por delegado

Delegado nega que réu no processo sobre Eliza tenha sofrido tortura.

Sérgio Sales pediu novo advogado para sua defesa.

Sérgio Rosa Sales, réu no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, fez uma denúncia de tortura durante a audiência do caso no fórum em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta quarta-feira (3). O primo do goleiro disse que foi ameaçado pelo delegado Edson Moreira e teve que mentir em depoimentos e na reconstituição da estada de Eliza no sítio de Bruno, em Esmeraldas, também na Grande BH.

Sales era o único dos réus que falou sobre o crime à polícia e deu detalhes do que viu no sítio do goleiro. Segundo o inquérito da Polícia Civil, Eliza estava na propriedade com o filho, que ela alegava ser de Bruno, no dia que teria sido morta, 9 de junho. Sérgio Sales havia dito que viu Eliza viva no sítio. Ele disse, na reconstituição, que a jovem saiu com o filho, Macarrão e o menor, envolvido no caso, em um carro e Bruno, em outro, um pouco antes. Na volta do grupo, a jovem não foi mais vista e Bruno disse a Sérgio, segundo o primo, que “acabou esse tormento”. O menor completou para Sales que Eliza “já era”.

Nesta quarta-feira (3), o primo do goleiro afirmou que, em um depoimento, o delegado de Homicídios de Contagem, que assinou o inquérito final, Edson Moreira, o torturou com um plástico da cabeça, e o obrigou a aceitar o advogado Marco Antonio Siqueira como defensor. O delegado, segundo Sales, ainda o teria obrigado a mentir em depoimento e na reconstituição. Essa mentira, segundo Sérgio disse diante da juíza Lucimeire Rocha, fez com que ele incriminasse oito pessoas. Além de Sales, o Ministério Público denunciou outras oito pessoas: Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; Marcos Aparecido dos Santos – o Bola; Dayanne Souza; Elenilson Vítor da Silva; Flávio Caetano; Wemerson Marques; e Fernanda Gomes de Castro.

Durante o desabafo à juíza, Sales disse “eu apanhei, eu fui asfixiado com sacola. Eu gostaria de continuar só com o advogado Wiler”. O advogado confirmou que é o novo advogado de Sérgio Rosa Sales. “Vou ser o advogado dele. Em uma primeira conversa, ele confirmou que na reconstituição feita pela polícia, já havia um script pronto com a versão do menor”.

Wiler Vidigal afirmou ainda que não acredita que seu cliente esteja sendo torturado pela polícia, mas que depois do vídeo da reconstituição, Sergio passou a ser um alvo. Segundo o advogado, ele ainda vai conversar com Marco Antonio Siqueira, antigo advogado de Sérgio, para esclarecer alguns pontos.

O advogado Marco Antônio Siqueira, que cuidava da defesa de Sérgio Sales, disse por telefone ao G1 que foi informado que foi destituído do caso. O defensor afirmou que está tranquilo, se Sales achar que a mudança favorece sua defesa.

Siqueira afirmou nunca ter presenciado nenhuma ação de constrangimento ou de tortura por parte da polícia em relação ao seu ex-cliente. “Absolutamente. Inclusive, existe dentro do processo um laudo médico atestando que ele estava em perfeitas condições médicas depois das oitivas”. O advogado disse que Sales foi ouvido nos dias 8, 10, 15 e 22 de julho, sendo o dia 10 a reconstituição no sítio do goleiro, e 15 a acareação com o adolescente. Siqueira afirmou que não acompanhou o cliente somente no dia 10. “Eu fiz um pedido por escrito para que fosse convidado para qualquer diligência que envolvesse o Sérgio, mas para essa diligência, não fui convidado”. Depois, o advogado disse que pediu à Justiça duas vezes a cópia do vídeo gravado na reconstituição, mas, até esta quarta-feira (3), não recebeu nenhum material.

Sobre a denúncia de tortura ainda, Siqueira disse que, durante o depoimento do delegado Julio Wilke à Justiça, no dia 8 de outubro, perguntou ao depoente se algum policial havia agido de forma a constranger seu cliente em alguma ocasião em que ele não estivesse presente, e o delegado teria dito, segundo o advogado, que nunca viu nada.

O delegado Edson Moreira, apontado por Sérgio como o responsável pelas “torturas”, disse que essa denúncia não é verdadeira. O delegado afirmou que em todos os depoimentos, Marco Antônio Siqueira esteve presente e que Sales nunca sofreu qualquer tipo de tortura.

Família

A juíza Lucimeire Rocha permitiu que Bruno e Dayanne de Souza, sua ex-mulher, ficassem com as duas filhas dentro da sala de audiência. A filha mais velha, de quatro anos, ficou brincando com os dois, enquanto a mais nova, de dois anos, dormia. As meninas foram levadas para a audiência pela família do goleiro, que mora em Ribeirão das Neves, cidade onde é realizada a audiência desta quarta-feira (3).
Durante o depoimento da terceira testemunha, arrolada pela defesa de Macarrão, Bruno chorou muito. A todo o momento, o goleiro e a ex-mulher, Dayanne, olham para as filhas, que acompanham a audiência como a família de Bruno, e fazem sinais para as meninas.
(Fonte: Site G1)

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