Delegado nega que réu no processo sobre Eliza tenha sofrido tortura.
Sérgio Sales pediu novo advogado para sua defesa.
Sérgio Rosa Sales, réu no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, fez uma denúncia de tortura durante a audiência do caso no fórum em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta quarta-feira (3). O primo do goleiro disse que foi ameaçado pelo delegado Edson Moreira e teve que mentir em depoimentos e na reconstituição da estada de Eliza no sítio de Bruno, em Esmeraldas, também na Grande BH.
Sales era o único dos réus que falou sobre o crime à polícia e deu detalhes do que viu no sítio do goleiro. Segundo o inquérito da Polícia Civil, Eliza estava na propriedade com o filho, que ela alegava ser de Bruno, no dia que teria sido morta, 9 de junho. Sérgio Sales havia dito que viu Eliza viva no sítio. Ele disse, na reconstituição, que a jovem saiu com o filho, Macarrão e o menor, envolvido no caso, em um carro e Bruno, em outro, um pouco antes. Na volta do grupo, a jovem não foi mais vista e Bruno disse a Sérgio, segundo o primo, que “acabou esse tormento”. O menor completou para Sales que Eliza “já era”.
Nesta quarta-feira (3), o primo do goleiro afirmou que, em um depoimento, o delegado de Homicídios de Contagem, que assinou o inquérito final, Edson Moreira, o torturou com um plástico da cabeça, e o obrigou a aceitar o advogado Marco Antonio Siqueira como defensor. O delegado, segundo Sales, ainda o teria obrigado a mentir em depoimento e na reconstituição. Essa mentira, segundo Sérgio disse diante da juíza Lucimeire Rocha, fez com que ele incriminasse oito pessoas. Além de Sales, o Ministério Público denunciou outras oito pessoas: Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; Marcos Aparecido dos Santos – o Bola; Dayanne Souza; Elenilson Vítor da Silva; Flávio Caetano; Wemerson Marques; e Fernanda Gomes de Castro.
Durante o desabafo à juíza, Sales disse “eu apanhei, eu fui asfixiado com sacola. Eu gostaria de continuar só com o advogado Wiler”. O advogado confirmou que é o novo advogado de Sérgio Rosa Sales. “Vou ser o advogado dele. Em uma primeira conversa, ele confirmou que na reconstituição feita pela polícia, já havia um script pronto com a versão do menor”.
Wiler Vidigal afirmou ainda que não acredita que seu cliente esteja sendo torturado pela polícia, mas que depois do vídeo da reconstituição, Sergio passou a ser um alvo. Segundo o advogado, ele ainda vai conversar com Marco Antonio Siqueira, antigo advogado de Sérgio, para esclarecer alguns pontos.
O advogado Marco Antônio Siqueira, que cuidava da defesa de Sérgio Sales, disse por telefone ao G1 que foi informado que foi destituído do caso. O defensor afirmou que está tranquilo, se Sales achar que a mudança favorece sua defesa.
O advogado Marco Antônio Siqueira, que cuidava da defesa de Sérgio Sales, disse por telefone ao G1 que foi informado que foi destituído do caso. O defensor afirmou que está tranquilo, se Sales achar que a mudança favorece sua defesa.
Siqueira afirmou nunca ter presenciado nenhuma ação de constrangimento ou de tortura por parte da polícia em relação ao seu ex-cliente. “Absolutamente. Inclusive, existe dentro do processo um laudo médico atestando que ele estava em perfeitas condições médicas depois das oitivas”. O advogado disse que Sales foi ouvido nos dias 8, 10, 15 e 22 de julho, sendo o dia 10 a reconstituição no sítio do goleiro, e 15 a acareação com o adolescente. Siqueira afirmou que não acompanhou o cliente somente no dia 10. “Eu fiz um pedido por escrito para que fosse convidado para qualquer diligência que envolvesse o Sérgio, mas para essa diligência, não fui convidado”. Depois, o advogado disse que pediu à Justiça duas vezes a cópia do vídeo gravado na reconstituição, mas, até esta quarta-feira (3), não recebeu nenhum material.
Sobre a denúncia de tortura ainda, Siqueira disse que, durante o depoimento do delegado Julio Wilke à Justiça, no dia 8 de outubro, perguntou ao depoente se algum policial havia agido de forma a constranger seu cliente em alguma ocasião em que ele não estivesse presente, e o delegado teria dito, segundo o advogado, que nunca viu nada.
O delegado Edson Moreira, apontado por Sérgio como o responsável pelas “torturas”, disse que essa denúncia não é verdadeira. O delegado afirmou que em todos os depoimentos, Marco Antônio Siqueira esteve presente e que Sales nunca sofreu qualquer tipo de tortura.
Família
A juíza Lucimeire Rocha permitiu que Bruno e Dayanne de Souza, sua ex-mulher, ficassem com as duas filhas dentro da sala de audiência. A filha mais velha, de quatro anos, ficou brincando com os dois, enquanto a mais nova, de dois anos, dormia. As meninas foram levadas para a audiência pela família do goleiro, que mora em Ribeirão das Neves, cidade onde é realizada a audiência desta quarta-feira (3).
Durante o depoimento da terceira testemunha, arrolada pela defesa de Macarrão, Bruno chorou muito. A todo o momento, o goleiro e a ex-mulher, Dayanne, olham para as filhas, que acompanham a audiência como a família de Bruno, e fazem sinais para as meninas.
(Fonte: Site G1)
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