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quinta-feira, dezembro 30

Para psiquiatra forense, adolescente que confessou 12 mortes tem perfil de serial killer

O adolescente que afirmou em 2008 ter assassinado, aos 16 anos, 12 pessoas em oito meses no Vale do Sinos quita, em março, a sua dívida com a Justiça.

Rogério Paz – psiquiatra forense e diretor de ensino e pesquisa do Hospital São Pedro – acredita que o jovem tem perfil ‘serial killer’. Ele foi ouvido foi ouvido por Lasier Martins ontem(29), na Rádio Gaúcha, manifestando sua impressão sobre o adolescente.

O adolescente que afirmou em 2008 ter assassinado, aos 16 anos, 12 pessoas em oito meses no Vale do Sinos quita, em março, a sua dívida com a Justiça.

Lasier Martins – Qual a avaliação do senhor sobre este caso? O adolescente que admitiu ter matado 12 pessoas, uma das manchetes da capa de Zero Hora, tem condições psicológicas de voltar ao convívio social?

Rogério Paz – Bom, é um caso bastante complexo. O que eu acho é o seguinte: esse jovem deveria passar por avaliação psiquiátrica forense, pois pode haver três possibilidades: ele ser um sujeito com um retardo mental, ter fraquíssima capacidade de entender o que ocorre no mundo, outra é de ser um sujeito psicótico, que não tem muita noção das coisas, tem uma visão distorcida da realidade que o leva a alucinações e a delírios, e a entender errado provocações – elas podem para ele representar ameaças e ele acabar se defendendo dessa forma extremamente exagerada. E outra alternativa é que ele seja um antissocial, o novo diagnóstico para psicopatias. Ele seria um caso diferente de serial killer, pois isso se manifesta em pessoas, em média, com mais de 28 anos. Na adolescência, eles até têm um comportamento agressivo, mas não tanto como ele. É preciso fazer um diagnóstico. Em se tratando de um antissocial, seria temeroso, já nesse momento, ele ter essa liberdade.

Lasier – O jovem vai ser colocado em liberdade...

Paz – Eu sugeriria passar por exames de imagens, com entrevistas psiquiatras, para se poder obter uma melhor avaliação do que vai se fazer. O que a lei pressupõe pela idade não pode comprometer a sociedade.

Lasier – Quem matou, em oito meses, cinco ou 12, a tendência é continuar fazendo isso?

Paz – O perfil é de serial killer. Claro que eu não posso fazer um diagnóstico. De qualquer forma é um comportamento antissocial assustador. Na questão dos jovens na Virgínia (estado dos Estados Unidos, onde o psiquiatra faz um curso), os jovens não tem muita colher de chá por causa da idade. Lá se passa por uma avaliação criteriosa.

Lasier  - Nesses casos crônicos de matadores em sequência, o senhor acha que deveriam ser punidos com a pena de morte?

Paz – Não, por questões de direitos humanos. Eu pensaria que, no Brasil, a gente poderia ter prisão perpétua ou penas bastante extensas. Para se ter uma ideia: uma quantidade mínima de droga na Virginia, a pena parte de 10 anos. No Brasil, a progressão de regime é outra questão. Os presos deveriam passar por avaliações psicológicas e psiquiátricas. Hoje, a avaliação é feita de maneira leiga. Um sujeito que aparente não ter periculosidade, acaba solto. No caso dele (jovem), tem de rever essa questão, tendo ele esse currículo.

Entenda o caso:

- Em 27 de março de 2008, L., então com 16 anos, foi apreendido e confessou participação em 12 assassinatos. Na Justiça, ele respondeu por cinco casos (quatro em Novo Hamburgo, um em Dois Irmãos), os demais não foram confirmados.
- Parte dos homicídios – como o de um comerciante que o teria barrado em uma festa com um tapa – foram por rixas pessoais. Mas testemunhas confirmaram, à época, que o menor passou a receber dinheiro para executar criminosos e desafetos de traficantes em Novo Hamburgo.
- Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, o tempo de internação de um menor não pode ultrapassar três anos, de modo que L. será libertado em março de 2011, aos 19 anos.
- Em outubro de 2009, L. participou de uma rebelião e tentou fugir do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Novo Hamburgo
(Com informações de Zero Hora)

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