Inspeção do Mutirão Carcerário do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) em Sergipe, realizada nesta quarta-feira (28/3), constatou que a
maioria dos presos da 4ª Delegacia Metropolitana de Aracaju dorme sobre
toalhas. Os demais dormem no chão. O problema se deve à falta de estrutura da
unidade para acolher presos. A proibição de levar colchões ou colchonetes para
os presos, feita pela direção aos familiares dos detentos, só piora o quadro.
“Eu não me enxugo depois do banho para não dormir depois sobre
uma toalha molhada”, afirma um homem que vive na unidade há três meses após ser
preso com sete porções de maconha, segundo ele próprio. A juíza coordenadora do
Mutirão Carcerário em Sergipe, Ivana David, definiu a situação como
insustentável. “Vou pedir a interdição da delegacia no relatório deste
mutirão”, antecipou a magistrada.
A insalubridade também se nota no interior das três celas
onde se amontoam 31 homens. O lugar é acanhado e escuro a qualquer hora do dia.
À noite, não há iluminação. “O banheiro fica no meio da cela. Temos de fazer
nossas necessidades na frente de todos (os colegas de cela)”, afirmou um jovem
de 20 anos que divide a cela com outros 10 homens mais velhos na maioria.
Para se lavar, é preciso ser rápido. Segundo relatos dos
presos, só há água nos dois chuveiros durante alguns minutos do dia. “Banho só
se for de dois minutos. Não dá nem para lavar uma roupa”, relatou um detento da
cela 3. Nos finais de semana, a falta de agentes penitenciários mantém os
presos trancados nas celas, sem direito a banho de sol. “Aí, banho, só na
segunda-feira”, completou um colega de cela.
Desde segunda-feira (26/3), a juíza inspeciona as unidades
prisionais do Estado ao lado do juiz Ulysses Gonçalves Jr., com quem divide a
coordenação dos trabalhos. A mobilização deve durar até a próxima terça-feira
(3/4), data prevista para conclusão dos trabalhos.
Fonte: Agência CNJ de Notícias
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