Segundo MPF, políticos receberam
propina para votar a favor do governo.
Julgamento começa com leitura do
relatório resumido de Joaquim Barbosa.
O Supremo Tribunal Federal (STF) começa julgar nesta
quinta-feira (2) os 38 réus do processo do mensalão.
Os ministros do tribunal vão decidir se absolvem ou condenam
os acusados de esquema de desvio de recursos públicos e obtenção de empréstimos
fictícios para o pagamento de propina a políticos da base aliada. Segundo a
denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), eles receberam para votar a
favor do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional.
Nesta quarta (1º), a Corte fará sessão para resolver
questionamentos dos advogados a respeito do julgamento, como o uso de recursos
tecnológicos durante as sustentações orais - projetor multimídia (data show).
Depois, haverá uma sessão administrativa para definir se haverá sessões extras
para julgar outros assuntos.
A partir de quinta, o Supremo fará sessões diárias para
análise do processo do mensalão até o fim da primeira quinzena do mês. Depois,
devem ser realizadas três sessões semanais para discutir a ação. Cada sessão
deve começar às 14h e ter duração de cinco horas, em média.
O calendário - veja no fim da reportagem - prevê que a
primeira sessão seja destinada à leitura resumida do relatório do ministro
Joaquim Barbosa e à acusação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
que terá cinco horas para falar. O relatório de Barbosa tem 122 páginas, mas
deve ser resumido em três folhas e ocupará pouco tempo na sessão.
Há previsão da apresentação de questões de ordem por parte
da defesa dos réus sobre assuntos processuais, como desmembramento da ação para
acusados sem foro privilegiado, por exemplo.
A discussão deve ocorrer antes da leitura do relatório. Se o
tema consumir muito tempo do julgamento, pode levar à mudança no calendário
previsto e adiar a argumentação do procurador-geral para o segundo dia.
Em seguida serão feitas as sustentações orais por parte dos
advogados de defesa. Como cada um dos 38 réus têm uma hora cada um, há previsão
de oito sessões somente para as argumentações dos defensores. Os réus não são
obrigados a participar das sessões.
O calendário prevê defesa de cinco réus por sessão. Isso
pode mudar dependendo do tempo que cada um usar para a sustentação oral.
Votos
Ao fim da argumentação dos advogados, começa uma segunda
fase no julgamento, que são os votos dos ministros. Não há limite de tempo para
cada voto, sendo possível que a manifestação de cada magistrado se estenda por
dias. Somente o voto do relator Joaquim Barbosa, que tem mais de mil páginas,
deve durar três sessões, ou seja, 15 horas aproximadamente.
A ordem de votação obedece o seguinte critério: primeiro o
relator (Joaquim Barbosa); depois o revisor (Ricardo Lewandowski); e em seguida
os demais ministros começando por aquele que tem menos tempo de tribunal (Rosa
Weber) até chegar ao mais antigo, que é chamado de decano (Celso de Mello). O
último a votar é o presidente do tribunal, Ayres Britto.
Há uma expectativa de que Cezar Peluso peça para alterar a
ordem de votação e apresente seu voto depois do revisor. Isso porque ele
completa 70 anos em 3 de setembro. É a idade-limite para que os ministros da
Corte se aposentem. A depender do tempo que cada ministro utilizar para o voto,
ele pode ter de apresentar sua posição muito perto do dia de se aposentar.
Outra questão incerta é o voto do ministro Dias Toffoli, que
já foi advogado do PT e advogado-geral da União durante o governo Lula. Pelos
laços com réus do processo, há possibilidade de ele se declarar impedido ou
suspeito de participar do julgamento. A decisão cabe a ele e deve ser divulgada
no primeiro dia do julgamento.
O cronograma do mensalão – com sessões de cinco horas – foi
pensado para evitar que Barbosa, relator do caso, se desgaste demasiadamente
com as sessões. Ele sofre de um problema crônico no quadril.
Penas para os réus
Os 38 réus respondem aos crimes de corrupção ativa,
corrupção passiva, evasão de divisas, formação de quadrilha, gestão
fraudulenta, lavagem de dinheiro e peculato. A pena mínima é de um ano de
prisão para formação de quadrilha e a máxima de 12 anos para peculato, gestão
fraudulenta e corrupção ativa e passiva.
Nas alegações finais entregues ao STF, Roberto Gurgel
sugeriu penas a 36 dos 38 réus do processo do mensalão, que começa a ser
julgado na próxima quinta-feira (2) - veja aqui. Para Gurgel, dois devem ser
absolvidos por falta de provas: o ex-ministro Luiz Gushiken e Antônio Lamas,
irmão de um dos réus.
As penas para o acusados do processo do mensalão que vierem
a ser condenados no Supremo só devem ser definidas após os votos de todos os
ministros. Não há informação sobre se ada réu será julgado isoladamente tendo
assim 38 julgamentos ou se serão julgados em bloco. Além disso, há possibilidade
de os juízes decidirem se absolvem ou condenam os 38 acusados e depois analisem
qual será a pena para cada réu que for condenado.
Segundo os especialistas, réus que obtiverem penas mínimas
nos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa ou passiva, peculato e
evasão de divisas, ainda que por todos esses crimes, não terão de cumprir pena.
Em todos esses crimes, a pena mínima é de até dois anos. Caso os ministros
apliquem somente as penas mínimas, só não irão prescrever as penas daqueles
condenados por gestão fraudulenta de instituição financeira e lavagem de
dinheiro.
Juristas descartam ainda a possibilidade de alguém ser preso
imediatamente após a sentença dada pelo Supremo no julgamento. Os réus, mesmo
que condenados na instância máxima do poder Judiciário, poderão fazer
questionamentos após a publicação do acórdão do julgamento. Isso porém, não
reverterá uma eventual condenação.
CALENDÁRIO PREVISTO DAS SESSÕES DE
JULGAMENTO DO MENSALÃO EM AGOSTO
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Data
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Programação
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2 (quinta)
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Abertura do julgamento, questões de
ordem, leitura do relatório do relator, ministro Joaquim Barbosa, e acusação
do procurador-geral da República
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3 (sexta)
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Sustentações orais dos advogados dos
réus José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério e Ramon
Hollerbach
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6 (segunda)
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Sustentações orais dos advogados dos
réus Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos, Geiza Dias e Kátia
Rabello
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7 (terça)
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Sustentações orais dos advogados dos
réus José Roberto Salgado, Vinícius Samarane, Ayanna Tenório, João Paulo
Cunha e Luiz Gushiken
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8 (quarta)
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Sustentações orais dos advogados dos
réus Henrique Pizzolato, Pedro Corrêa, Pedro Henry, João Cláudio Genú e
Enivaldo Quadrado
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9 (quinta)
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Sustentações orais dos advogados dos
réus Breno Fischberg, Carlos Alberto Quaglia, Valdemar Costa Neto, Jacinto
Lamas e Antônio Lamas
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10 (sexta)
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Sustentações orais dos advogados dos
réus Bispo Rodrigues, Roberto Jefferson, Emerson Palmieri, Romeu Queiroz e
José Borba
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13 (segunda)
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Sustentações orais dos advogados dos
réus Paulo Rocha, Anita Leocádia, Professor Luizinho, João Magno e Anderson
Adauto
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14 (terça)
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Sustentações orais dos advogados dos
réus José Luiz Alves, Duda Mendonça e Zilmar Fernandes
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15 (quarta)
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Votos dos ministros *
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16 (quinta)
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Votos dos ministros *
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20 (segunda)
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Votos dos ministros *
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22 (quarta)
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Votos dos ministros *
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23 (quinta)
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Votos dos ministros *
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27 (segunda)
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Votos dos ministros *
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29 (quarta)
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Votos dos ministros *
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30 (quinta)
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Votos dos ministros *
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* Os ministros votarão na seguinte ordem
a partir do dia 15: Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Tóffoli (caso não se declare impedido), Cármen Lúcia, Cezar Peluso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e
Ayres Britto. Os ministros não têm limite de tempo para proferir o voto.
Portanto, não é possível determinar com exatidão a data em que cada um
votará.
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Fonte:
Supremo Tribunal Federal
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