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quinta-feira, agosto 2

Esgoto é a maior falha do Presídio Central de Porto Alegre


Esgoto é a maior falha do Presídio Central de Porto Alegre, diz juiz

Em seminário dentro da penitenciária, Sidinei Brzuska expôs falhas do local.
Segundo ele, alimentação de presos é basicamente fornecida por familiares.


Preso (E) ao participa do debate ao lado do presidente da Ajuris (Foto: Roberta Salinet/RBS TV
O esgoto cloacal é o maior problema do Presídio Central de Porto Alegre, afirma o juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC) da Região Metropolitana de Porto Alegre, Sidinei Brzuska. Em seminário realizado na manhã desta quinta-feira (2) no auditório da casa prisional, o magistrado falou sobre as falhas no local, que atualmente conta com 4.379 detentos.

O juiz observa que, quando o presídio foi reformado, não foi feita a impermeabilização nos banheiros, o que causa infiltrações. Segundo ele, parte do esgoto dos banheiros cai sobre celas dos andares inferiores. “O preso recebe o esgoto da cela de cima. Todas as celas são assim. Eles dormem em tramas feitas perto do teto, como redes, e para isso as paredes são furadas”, observou o magistrado.

No entanto, segundo o juiz, o esgoto no pátio é um problema ainda mais crônico. “O esgoto cloacal no pátio para mim é o pior dos problemas”, declarou o juiz. “Em alguns pátios, alguns presos amarram cobertores no pilar. Os policiais militares precisam literalmente chafurdar nesse esgoto para fazer a revista”, acrescentou.

Brzuska acredita que o sistema carcerário brasileiro não se adaptou às mudanças na legislação. "Somos o quarto país do mundo em população carcerária. Embora tenhamos uma sensação de impunidade, as leis foram enrijecidas, mas a estrutura para recebe essas pessoas não aumentou", afirmou.

O juiz também relatou falha na alimentação e higiene dos presos, segundo ele feita basicamente por familiares. “Temos hoje um sistema carcerário cada vez mais sustentado pelas famílias”, afirmou.

Presos compram em cantina dentro do
Presídio Central
(Foto: Roberta Salinet/RBS TV)
A situação faz com que surjam “cantinas paralelas” dominadas por detentos, e leva a quedas de energia elétrica porque os presos cozinham nas celas. “O Estado não fornece instrumentos como prato e colher. São os familiares quem trazem. Quando o preso fica num lugar sem acesso, ele come com a mão em um saco plástico”, acrescenta.

Em relação ao uso de telefones por detentos, Brzuska acredita que o problema ocorra em todas as casas prisionais. “Posso afirmar aos senhores que não há uma casa onde os presos não tenham acesso à telefonia celular. A comunicação flui”, declarou.

Debate e exposição

O seminário O Presídio Central e a Realidade Prisional teve início desde as 8h30 desta quinta-feira (2). Além de Brzuska, participam o diretor do Presídio Central, o tenente-coronel da Brigada Militar Leandro Santiago; o presidente da Ajuris, Pio Giovani Dresch e três detentos. Peças de artesanato confeccionadas por presos foram expostas. Segundo a Associação dos Defensores Públicos do estado (Adepergs), o evento é "emblemático", já que é a primeira vez que o presídio abrirá as portas do auditório para receber a sociedade para um debate.

Fonte: Site G1 RS

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