A presidente Dilma Rousseff decidiu exonerar a chefe do
escritório da Representação da Presidência da República em São Paulo, Rosemary
Nóvoa de Noronha, indiciada pela Polícia Federal por corrupção e tráfico de
influência. O advogado geral da União substituto, José Weber Holanda, também
será exonerado da função que exerce de número 2 do órgão.
Os diretores das agências ANA (Agência Nacional de Águas),
Paulo Rodrigues Vieira, e seu irmão, Rubens Rodrigues Vieira, da ANAC (Agência
Nacional de Aviação Civil), que estão presos, serão afastados e haverá abertura
de processos disciplinares contra eles, já que o processo deles é mais complexo
pois as suas indicações passaram pelo Congresso. Todos os servidores indiciados
serão afastados ou demitidos pelo governo. Os órgãos citados na Operação Porto
Seguro da Polícia Federal passarão por sindicâncias internas para que
responsabilidades sejam apuradas, além de verificar se há envolvimento de
outros funcionários nas denúncias.
A decisão de afastar, demitir e abrir investigações foi
tomada na manhã de sábado,24, no Palácio da Alvorada, pela presidente Dilma, em
reunião com o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho. A
presidente está muito irritada com toda a repercussão do caso e com respingos
que este escândalo terá sobre o Planalto daí a pressa em chancelar os
afastamentos e abrir as investigações internas, para dar demonstração de que o
governo está agindo. Dilma tem insistido também que nada será barrado para
impedir ou atrapalhar as investigações da PF.
Ela quer saber a extensão dos casos em vários órgãos. A
ideia é de que até que o marido de Rose, que trabalha na Infraero, também seja
alvo de investigação. Na Advocacia Geral da União foi montado uma espécie de
gabinete de crise, que avalia a extensão dos danos da atuação do número dois da
AGU, José Weber Holanda, que também teve todos os HDs e computadores
apreendidos pela Polícia Federal.
Dilma não gosta de despachar do escritório de São Paulo e só
vai lá quando é absolutamente necessário. Nunca gostou de Rose, mas a manteve
no cargo, a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem Rose é
muito próxima. A presidente desde o início do processo está avisando que não
vai passar a mão na cabeça de ninguém e o que tiver de ser investigado será.
A presidente não gostou também de como Rose se comportou
quando os agentes da Polícia Federal chegaram ao escritório da Presidência, em
São Paulo, na manhã de ontem, para executar o mandado de busca e apreensão.
"Ela deu um piti", contou um interlocutor da presidente, ao relatar
que Rose estava presente no escritório quando os policiais chegaram na manhã de
sexta-feira, 23. Segundo relatos, ela gritava com os policiais e os
desacatava."Vou ligar para a Presidência. Aqui vocês não entram",
berrava ela, que instruiu os seguranças do escritório a ligarem para a Polícia
Federal e até para a Justiça, para checar se a ordem de busca era verdadeira e se
o juiz que assinava o mandado de busca e apreensão realmente existia.
Constatado que se tratava de decisões judiciais e com a
ordem de Dilma de que mandados judiciais têm de ser cumpridos, Rose passou a
negociar o que seria levado de sua sala no escritório. Como não havia muita
negociação, foi feito back up de tudo que exista lá e levado o que a PF achou
imprescindível.
O afastamento dos servidores será publicado no Diário
Oficial.
Fonte: O Estadão
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