Os paulistanos e os cariocas têm menos motivos para se
preocupar com os ladrões do que os proprietários de veículos em Porto Alegre.
Um levantamento das ocorrências de roubos e furtos no primeiro semestre de 2013
revela que, na capital gaúcha, proporcionalmente à frota, o risco de o
motorista ser ameaçado por um assaltante armado ou constatar que o seu carro
estacionado na rua foi levado por ladrões é maior do que nas duas principais
metrópoles do Brasil.
Avoracidade dos ladrões de carros é maior em Porto Alegre do
que nas duas metrópoles mais populosas do país. Números oficiais do primeiro
semestre apontam que os furtos e os roubos de veículos na capital do Rio Grande
do Sul, proporcionalmente à frota, superam os casos entre paulistanos e
cariocas.
Em Porto Alegre, são 6,75 carros levados a cada mil,
enquanto em São Paulo são 6,43 veículos a cada mil. No Rio de Janeiro, 3,32
veículos, menos da metade da taxa registrada na capital gaúcha. O fenômeno
causa ainda mais espanto porque Porto Alegre tem apenas 13,8% da frota do
Estado e concentra 35% dos furtos e roubos do RS. A capital paulista tem 29,9%
da frota e a fluminense, 45,3%.
Os dados revelam que, sob o aspecto da criminalidade, é mais
perigoso dirigir em Porto Alegre do que nas outras duas cidades. E o temor é
perder a vida. Desde 2007, os roubos superam os furtos – muito influenciado
pelos sistemas de seguranças dos carros, como alarmes e corta-correntes,
obrigando o ladrão a necessitar da chave para ligar o automóvel. Isto significa
que, em Porto Alegre, o risco de um motorista ter o carro roubado, atacado por
um bandido de arma em punho, podendo ser ferido ou morto, é duas vezes maior do
que ocorrer um furto (quando o ladrão leva o veículo sem o dono estar
presente). Nem em São Paulo nem no Rio este risco é tão elevado assim.
Entre as três capitais, a Cidade Maravilhosa já esteve na
ponta desse ranking de 2004 e 2006, mas agora ocupa o terceiro posto.
Especialistas justificam a queda nos índices do Rio de Janeiro como fruto de
investimentos em segurança pública e nas melhorias dos organismos de trânsito e
na fiscalização em desmanches clandestinos.
Já São Paulo, que apresentava os melhores índices entre as
três cidades e hoje quase empata com Porto Alegre, enfrenta uma onda de
violência desde 2012, após experimentar quedas nas taxas de criminalidade
durante os 11 anos anteriores.
Conforme o analista criminal paulista Guaracy Mingardi, um
dos problemas em São Paulo é a baixa produtividade das polícias na retirada das
quadrilhas das ruas.
– Investigação e fiscalização é que levam a baixar os
índices – afirma Mingardi.
Mas por que Porto Alegre é líder? Um das explicações seria a
proliferação cada vez maior de quadrilhas oriundas de cidades vizinhas,
especializadas neste tipo de crime. Outro motivo pode ser as deficiências de
prevenção.
Este ano, em relação a 2011, a Brigada Militar reduziu em
dois terços o número de inspeções em desmanches no Estado, e em 20% o número de
veículos fiscalizados. E a Polícia Civil conta com apenas duas delegacias
especializadas em reprimir furtos e roubos de veículos na Região Metropolitana
(uma em Porto Alegre e outra em Canoas, inaugurada em janeiro).
A Lei dos Desmanches, que visa a sufocar a compra e a venda
de autopeças furtadas e roubadas, recém começou a entrar em prática, após seis
anos de vigência, em dois (São Leopoldo e Sapucaia do Sul) dos 120
estabelecimentos credenciados pelo Detran. E o “cercamento” da Capital com
câmeras de vigilância adaptadas a sensores que identificam carros em situação
irregular segue no papel há mais de um ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário