Zero Hora publica matéria jornalística sobre dados de violência nas cidades do Rio Grande do Sul.
Os repórteres Fernanda da Costa e Mauricio Tonetto são os responsáveis pela produção da matéria, abaixo reproduzida.
Números da SSP apontam 1.697 crimes dolosos nos três
trimestres de 2014, contra 1.419 no mesmo período de 2013
Na manhã desta quarta-feira, a Secretaria de Segurança
Pública (SSP) do Rio Grande do Sul divulgou os dados da violência do terceiro
trimestre de 2014 e, conforme os números, os homicídios dolosos cresceram 19,6%
em relação aos primeiros nove meses do ano passado. Foram 1.697 assassinatos
neste critério, contra 1.419 de 2013.
Já com relação aos latrocínios (roubos seguidos de mortes),
houve queda de 23%: nos nove primeiros meses de 2013, a SSP registrou 105
casos; neste ano, 85 – diminuição de 19%. Em Porto Alegre, foram contabilizados
336 homicídios, contra 400 no mesmo período de 2014 – 19% a mais.
Outros índices que apresentaram elevação nos três trimestres
deste ano foram os furtos e roubos de veículos. No acumulado de 2014, de acordo
com a SSP, são 24.214 ocorrências, contra 21.961 do ano passado. A partir
destes e de outros crimes, ZH criou um mapa com os índices de todos os 497
municípios gaúchos. Procure a sua cidade, clique nela e veja quantas vezes cada
crime se repetiu nos primeiros nove meses deste ano.
O jornalista Mauricio Tonetto prossegue na matéria, indicando o número de homicídios no RS.
Com 1,7 mil homicídios, 2014 tem maior violência no Rio
Grande do Sul desde 2002
Dados da Secretaria de Segurança Pública apontam 1.697
homicídios dolosos até setembro, índice superior a todos os anos desde 2002.
A escalada da violência atingiu o índice mais alto dos
últimos 12 anos em 2014, como mostram os dados da criminalidade divulgados
nesta quarta-feira pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do
Sul. De janeiro a setembro, foram 1.697 homicídios dolosos no Estado, número
superior a todos os anos, desde 2002, para o mesmo período.
Em relação a 2013, o percentual de homicídios dolosos
cresceu 19,6% nos três trimestres analisados – de 1.419 para 1.697. O
secretário de Segurança Pública, Airton Michels, afirma que o Rio Grande do Sul
está dentro de "um contexto do país" e que não há "uma
ciência" para resolver o problema da criminalidade.
Michels argumenta que a implantação de delegacias
especializadas em elucidar homicídios ainda levará tempo para resultar em menos
crimes violentos. O secretário diz também que 70% das mortes são causadas por
confrontos entre gangues pelo tráfico:
– A apuração dos assassinatos envolve readequações também no
Poder Judiciário para diminuir a impunidade. Investimos muito na prisão de
traficantes e isso tem um ônus, que é a abertura dos pontos de drogas e novas
disputas. Sobre os latrocínios (roubos seguidos de mortes), não temos uma
explicação técnica.
De acordo com a SSP, foram 85 latrocínios até agora em 2014;
no ano passado, 105; em 2012, 59; em 2011, 65; e em 2010, 56.
Depois de uma década, 78% mais homicídios
Quando comparado aos nove primeiros meses de 2004, o número
de homicídios dolosos deste ano é 78% superior. Em uma década, passou de 950
crimes para 1.697. Para o sociólogo e professor do Programa de Pós-Graduação em
Ciências Criminais da PUCRS Rodrigo Azevedo, os governos estaduais têm falhado
em criar políticas preventivas.
Ele critica a falta de um planejamento de longo prazo que
envolva municípios, Estados e a União para o combate à criminalidade. Azevedo
também acredita que a falta de investimentos públicos para combater a
desigualdade social é um dos principais fatores, segundo ele, da violência
urbana do Brasil:
– Há problemas estruturais nas polícias e falta de
integração entre elas e o Ministério Público. Com isso, temos perda de capacidade
nas investigações. O sistema carcerário, totalmente desafado e controlado por
facções, contribui para piorar o quadro. Entra governo e sai governo, e a
situação só piora.
Fonte: Zero Hora
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