Pesquisar este blog

sábado, agosto 4

OAB não é repositório de excluídos da magistratura


O Conselho Seccional da OAB do Espírito Santo já tem um precedente de declaração de inidoneidade de ex-juiz que pretende ingressar ou reingressar na Advocacia.

Dentro de duas semanas, o Conselho Seccional da OAB gaúcha estará às voltas com uma situação semelhante: a pretensão do juiz Marcelo Colombelli Mezzomo, demitido pelo TJRS, de reingressar na Advocacia.

Em 30 de junho do ano passado, a OAB capixaba negou o pedido de reinscrição de Frederico Luís Schaider Pimentel, ex-juiz substituto, demitido do cargo em processo disciplinar por seu envolvimento em ilícitos flagrados na Operação Naufrágio.

"Por unanimidade, o Conselho entendeu que o ex-magistrado não dispõe de condições morais para exercer a profissão e por isso proclamou a sua inidoneidade" - afirmou, na época,  nota da entidade, assinada por seu presidente Homero Junger Mafra. Foram 33 votos.

De acordo com o relator, conselheiro Rivelino Amaral, "o ex-juiz Frederico Luís Schaider Pimentel se mostrou indigno de pertencer à OAB e nossa entidade não é repositório de excluídos da magistratura por hipossuficiência ética", ressaltou.

O julgado também fez alusão a uma manifestação anterior do presidente nacional, Ophir Cavalcante: "aquele que não serve para ser juiz não pode servir para ser advogado".

Em 25 de março de 2011, o Pleno do Tribunal de Justiça do Espírito Santo decidiu, por unanimidade, demitir o juiz substituto Frederico; ele estava em estágio probatório.

Para entender o caso

* Frederico Luís Schaider Pimentel foi demitido do cargo de juiz, em processo disciplinar, após a Operação Naufrágio, deflagrada em 2008 com a descoberta de um esquema de venda de sentenças, em troca de vantagens pessoais no TJ do Espírito Santo. O Ministério Público Federal denunciou 26 pessoas, entre elas quatro desembargadores, quatro juízes, seis advogados, um procurador de Justiça do Ministério Público Estadual, dois empresários, um ex-prefeito e ex-servidores do TJ-ES.

* No dia 9 de dezembro de 2008, foram expedidos pelo STJ sete mandados de prisão temporária e 24 de busca e apreensão. As investigações da Operação Naufrágio começaram a partir da Operação Titanic, da Polícia Federal, que apurava crimes de evasão de divisas e sonegação fiscal, entre outros. A Naufrágio prendeu os desembargadores Frederico Guilherme Pimentel, Elpídio José Duque (aposentado) e Josenider Varejão Tavares (este faleceu em 2011).

* Também foram presos o juiz Frederico Schaider Pimentel, filho de Frederico Pimentel, o advogado Paulo Duque, filho de Elpídio, o também advogado Pedro Celso Pereira e a ex-diretora de Distribuição do Tribunal de Justiça Bárbara Sarcinelli.

* Os desembargadores foram afastados do cargo no dia 18 de dezembro por determinação do Pleno do Tribunal. O afastamento foi renovado pelo Pleno em 2009. Depois de 436 dias, desde a operação ser deflagrada, o Ministério Público Federal concluiu as investigações e formalizou a denúncia contra as 26 pessoas.

* Ninguém está preso.

Nenhum comentário: