Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS |
Organizado pela Associação de Juízes do Rio Grande do Sul
(Ajuris), um seminário realizado no Presídio Central de Porto Alegre teve na
manhã desta quinta-feira um momento diferenciado.
É que quatro presidiários com longas penas foram escolhidos
pelos próprios companheiros para relatar seu cotidiano. O depoimento de um
deles, o ex-PM Jorge Gomes, provocou lágrimas no juiz da Vara de Execuções
Criminais (VEC), Sidinei Brzuska.
— Se 10% do que está previsto na Lei de Execuções Penais
(LEP) fosse cumprido, nós viveríamos em boas condições. Mas a lei é como o
livro Pequeno Príncipe, uma boa fantasia — resumiu Gomes, antes de enumerar
problemas vivenciados pelos detentos.
Entre as queixas de Gomes, que cumpre pena por homicídios e
assaltos, está a falta de oportunidade para que os presos estudem além do
Ensino Médio, a dificuldade de conseguir reinserção após sair da cadeia e a
própria vivência diária no presídio.
— Os ratos daqui são
maiores que muitos cachorros que vocês criam em casa — provocou, despertando
risos na plateia.
O preso Vinícius Marques, representante de outra galeria do
Central, afirmou que as queimas de colchões que ocorrem vez que outra não são
baderna, mas um pedido de socorro dos detentos à sociedade, que decidiu "varrê-los,
como faz com os dejetos".
— Qualquer progressão de regime, para sair de um prédio
fechado para o semiaberto, leva mais de ano na espera. Mas é nosso direito
receber esse benefício da lei, por que demora tanto? — questiona.
Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS |
Após os depoimentos, autoridades e a imprensa foram levadas
pela direção do Presídio Central para um passeio nos pavilhões. O seminário
"O Presídio Central e a realidade prisional: quantos presos queremos
ter" transcorre até o final da quinta-feira.
Fonte: Jornal Zero Hora
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