O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou nesta
terça-feira (20) que o projeto do novo Código Penal (PLS 236/2012) passará por um longo debate
antes de ser aprovado e que todos os setores da sociedade serão ouvidos. A
declaração veio após a visita de líderes evangélicos e de deputados da Frente
Parlamentar Evangélica no Congresso.
- O Senado vai ouvir, naturalmente, em audiências públicas,
o povo, as diversas correntes de opinião, as pessoas dissidentes, aqueles que
pensam diferentemente, os que queiram introduzir novas ideias. Tudo isso é
aberto. Isso se chama democracia – afirmou.
Os parlamentares evangélicos manifestaram preocupação
principalmente com a ampliação das hipóteses de aborto legal, com a
descriminalização do porte ou plantio de drogas para uso próprio e com a
redução da idade para que seja caracterizado o estupro de vulnerável. Para o
presidente da Frente Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), a reforma é
válida, mas não pode “afrouxar” as leis.
- Nós somos a favor, desde que seja em uma concepção de
endurecer a legislação penal em uma perspectiva de diminuir a criminalidade, a
violência e a impunidade no país - disse.
José Sarney disse não concordar, do ponto de vista
religioso, pessoal e humanitário, com algumas das mudanças sugeridas no texto.
O presidente do Senado informou ter manifestado essas discordâncias quando
encaminhou para a discussão no Senado o anteprojeto feito pela Comissão de
Juristas que o elaborou. Ele disse que o trabalho dos juristas vai ser apenas
uma base para que o Congresso possa discutir os temas.
- O trabalho feito é um trabalho de subsídios que se
apresenta para a deliberação do Congresso, para que o Congresso decida melhor
e, para isso, ele tem já uma base grande que é um anteprojeto feito por grandes
juristas - disse Sarney.
Desmembramento
Ainda na reunião, o deputado Arolde de Oliveira (PSD-RJ)
sugeriu que algumas temas sejam retirados do texto e passem a tramitar de forma
separada. Ele disse que há parlamentares que usam o anonimato conferido pelo
código para introduzir mudanças nas leis que não seriam aceitas nas urnas pela
população.
- Quem é que vai fazer uma lei liberando o aborto? Quem
fizer essa lei não vai se eleger porque as pesquisas mostram que 90% da
população brasileira não admite isso. Agora, põe dentro do código e vota no
atacado - disse ele.
Sarney lembrou que o Senado está atento ao que pensa a
população e citou pesquisa recente realizada pelo DataSenado sobre o Código
Penal. A pesquisa, nacional, foi realizada por telefone com 1.232 cidadãos de
119 municípios, incluindo todas as capitais.
Sugestões
Ainda durante a reunião, Sarney recebeu um documento da
Associação Nacional de Apoio ao ser Humano e à Família com sugestões sobre o
projeto. Também se manifestaram na reunião o bispo Manoel Ferreira, presidente
da Convenção Nacional das Assembleias de Deus, e os deputados Takayama
(PSC-PR), Ronaldo Nogueira (PTB-RS), Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) e Pastor
Eurico (PSB-PE).
Fonte: Agência Senado de Notícias
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