Primeira fase da investigação
envolve 70 dos 319 inquéritos que integram a operação
Os primeiros inquéritos da máfia
dos medicamentos, que deve ser a maior investigação da Polícia Federal no
Estado, serão encaminhados ao Ministério Público Federal de Erechim nesta
terça-feira. Cerca de cem pessoas foram indiciadas nesta primeira fase da
investigação, que envolve 70 dos 319 inquéritos que integram a operação.
Conforme a Polícia Federal de
Passo Fundo, foram priorizados os inquéritos que envolvem os líderes da
organização criminosa suspeita de fraudar licitações para compra de remédios no
país. Estes relatórios, que têm em média 110 páginas cada, envolvem moradores
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. De acordo
com o delegado Mauro Vinícius Soares de Moraes, chefe da delegacia da PF em
Passo Fundo, eles devem responder pelos crimes de fraude à licitação, organização
criminosa, corrupção ativa e passiva e uso de documentos falsos.
— Com a quantidade de provas que
conseguimos reunir, acreditamos que os envolvidos no esquema serão condenados —
relata Moraes.
Em cerca de 90 dias, a PF planeja
encaminhar a segunda remessa de documentos ao MPF, que terá cerca de 150
inquéritos. Os outros 99 inquéritos previstos na investigação ainda não têm
prazo para conclusão e devem ser encaminhados em uma terceira remessa.
A investigação abrange 2,3 mil
licitações e motivou a prisão de 58 pessoas pela PF em 2011. A polícia calcula
que a fraude atingiu quase 300 municípios em sete Estados, sendo 119 no RS.
Devido à quantidade de documentos, a PF de Passo Fundo disponibilizou duas
salas apenas para os arquivos da operação.
Como o esquema foi descoberto
— A Controladoria-geral da União
(CGU) fez auditorias e descobriu que as mesmas distribuidoras se alternavam nas
licitações em centenas de municípios. Em alguns casos, os medicamentos eram
superfaturados. Em outros, não eram entregues. Em um terceiro caso, estavam por
vencer e mesmo assim eram vendidos. Auditores desconfiaram de combinação e
acionaram a polícia.
— A PF constatou que parte das
distribuidoras pertencia a uma mesma família ou a amigos muito próximos. Com
autorização judicial, rastreou contas bancárias, quebrou seus sigilos
telefônicos e descobriu que se falavam sempre antes de uma nova licitação. Os
policiais interceptaram diálogos (sob segredo de Justiça) que comprovariam a
combinação das concorrências.
— Em 2011, a PF realizou a
Operação Saúde e prendeu 58 pessoas, entre funcionários de distribuidoras,
proprietários dessas empresas e servidores públicos de prefeituras que
mantinham negócios com elas. Antes das prisões, foram feitas filmagens de
encontros entre algumas dessas pessoas, assim como monitoramento de repasses
bancários. Com base em computadores apreendidos na operação em 28 municípios,
os policiais rastrearam contratos feitos em mais de 300 cidades.
Fonte: Site Zero Hora
Nenhum comentário:
Postar um comentário