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segunda-feira, outubro 28

Polícia conclui os primeiros inquéritos da máfia dos medicamentos e indicia cerca de cem pessoas


Primeira fase da investigação envolve 70 dos 319 inquéritos que integram a operação

Os primeiros inquéritos da máfia dos medicamentos, que deve ser a maior investigação da Polícia Federal no Estado, serão encaminhados ao Ministério Público Federal de Erechim nesta terça-feira. Cerca de cem pessoas foram indiciadas nesta primeira fase da investigação, que envolve 70 dos 319 inquéritos que integram a operação.

Conforme a Polícia Federal de Passo Fundo, foram priorizados os inquéritos que envolvem os líderes da organização criminosa suspeita de fraudar licitações para compra de remédios no país. Estes relatórios, que têm em média 110 páginas cada, envolvem moradores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. De acordo com o delegado Mauro Vinícius Soares de Moraes, chefe da delegacia da PF em Passo Fundo, eles devem responder pelos crimes de fraude à licitação, organização criminosa, corrupção ativa e passiva e uso de documentos falsos.

— Com a quantidade de provas que conseguimos reunir, acreditamos que os envolvidos no esquema serão condenados — relata Moraes.

Em cerca de 90 dias, a PF planeja encaminhar a segunda remessa de documentos ao MPF, que terá cerca de 150 inquéritos. Os outros 99 inquéritos previstos na investigação ainda não têm prazo para conclusão e devem ser encaminhados em uma terceira remessa.

A investigação abrange 2,3 mil licitações e motivou a prisão de 58 pessoas pela PF em 2011. A polícia calcula que a fraude atingiu quase 300 municípios em sete Estados, sendo 119 no RS. Devido à quantidade de documentos, a PF de Passo Fundo disponibilizou duas salas apenas para os arquivos da operação.

Como o esquema foi descoberto

— A Controladoria-geral da União (CGU) fez auditorias e descobriu que as mesmas distribuidoras se alternavam nas licitações em centenas de municípios. Em alguns casos, os medicamentos eram superfaturados. Em outros, não eram entregues. Em um terceiro caso, estavam por vencer e mesmo assim eram vendidos. Auditores desconfiaram de combinação e acionaram a polícia.

— A PF constatou que parte das distribuidoras pertencia a uma mesma família ou a amigos muito próximos. Com autorização judicial, rastreou contas bancárias, quebrou seus sigilos telefônicos e descobriu que se falavam sempre antes de uma nova licitação. Os policiais interceptaram diálogos (sob segredo de Justiça) que comprovariam a combinação das concorrências.

— Em 2011, a PF realizou a Operação Saúde e prendeu 58 pessoas, entre funcionários de distribuidoras, proprietários dessas empresas e servidores públicos de prefeituras que mantinham negócios com elas. Antes das prisões, foram feitas filmagens de encontros entre algumas dessas pessoas, assim como monitoramento de repasses bancários. Com base em computadores apreendidos na operação em 28 municípios, os policiais rastrearam contratos feitos em mais de 300 cidades.


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