Com o voto de desempate do ministro Celso de Mello, o
Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta segunda-feira, 17, que os
deputados federais condenados no processo do mensalão perderão o mandato ao
final da análise de todos os recursos cabíveis. Por cinco votos a quatro, os
ministros entenderam que cabe à Câmara dos Deputados apenas declarar a saída
dos congressistas do Poder Legislativo.
Na fundamentação de seu voto, Celso de Mello disse que os
deputados condenados perdem os direitos políticos com a condenação pelo Supremo
e esse fato gera automaticamente a perda de mandato. A situação atinge os
deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto
(PR-SP) e, em janeiro, também deverá ter efeito sobre o ex-presidente do PT
José Genoino, que é suplente de deputado e pode assumir uma vaga na Câmara.
"Não se pode vislumbrar o exercício de mandato
parlamentar por aqueles cujos direitos políticos estão suspensos", afirmou
o ministro, citando o voto de Gilmar Mendes que acompanhou o voto do relator do
processo e presidente do STF, Joaquim Barbosa, favoráveis à perda de mandato
imediata. Para Celso de Mello, cabe à Casa Legislativa "meramente declarar
a extinção do mandato".
O voto vencido foi puxado pelo ministro Ricardo Lewandowski,
revisor da ação, ainda na semana retrasada. Na ocasião, Lewandowski disse que,
mesmo com a condenação imposta pelo Supremo, os congressistas teriam direito a
responder a um processo de quebra de decoro parlamentar.
O ministro disse que, em 1995, ao analisar um recurso de um
vereador condenado, a Corte não enfrentou a questão em sua profundidade. Na
ocasião, o STF, segundo o ministro, discutiu o preceito constitucional segundo
o qual é vedada a cassação de direitos políticos no caso de condenação criminal
transitada em julgado. "Essa Corte entendeu neste precedente ser
autoaplicável o preceito", destacou. Esse caso, de um vereador de
Araçatuba, cidade do interior de São Paulo, tem sido usado para supostamente
mostrar uma mudança de posição de Celso de Mello.
No começo de seu voto, o decano do STF disse ser "bom
estar de volta". Nas sessões de quarta e quinta-feira da semana passada, o
ministro não participou da votação do caso por ter tido problemas de saúde que
o levaram a uma internação hospitalar. "Eu queria registrar, inicialmente,
que estava pronto para votar na segunda-feira da semana passada, mas em virtude
do adiantado da hora, não tive oportunidade de trazer o meu voto",
comentou ele.
Fonte: O Estadão
Um comentário:
No fundo, não passa de uma disputa de vaidades, os brasileiros querem saber mesmo é se os condenados vão devolver o dinheiro recebido nas maracutaias.
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